31 de dezembro de 2006

Homem é Tudo Igual

Eu tenho uma amiga que tem verdadeira revolta com a situação da mulher na sociedade, ao mesmo temo nutre uma ira sem fim para com o homens, por seu machismo, por sua altivez, pelo fato de ser o galo, pelo patriarcalismo, enfim: ela não admite que a história ainda não tenha criado as condições para dar a devida equiparação a homens e mulheres. A reportagem abaixo, se ela vir a ler, deixá-la-á ainda mais revoltada. Eu compactuo com minha amiga, mas, confesso, tenho um certa... alegria, por assim dizer, de, nesse ambiente de desvantagens, eu estar do lado mais vantajoso. Farinha pouca...

VANDERLEY VIIU TUDO (tudo, leitores!): Reproduzo depoimento de Vanda Lemos, de Salvador, logo após a mesma ter presenciado colisão entre cinco veículos na avenida Professor Sabino Silva, na altura da pizzaria Volpi: “Ao sair de casa, mainha me perguntou: ´Vandinha, tu vai sair com essa roupa?´. Eu fiz: Quê que tem, mainha?! Ôxe!´ A roupa era um vestido um pouco curto e de alça. Ele fica melhor quanto uso sem sutiã. Quando eu tava subindo, vinha um carro em direção contrária. O rapaz ficou me olhando, olhando, olhando, e passou e continuou olhando pelo retrovisor. Ai eu só vi o barulho (sic). Quando olhei pra trás só vi o prejuízo. Ele bateu no fundo de um carro que ia virar e ai mais três carros bateram. Foi assim.”. Nosso repórter, Vanderley, fez a entrevista logo após o ocorrido, onde pôde avaliar, mais detidamente, as indumentárias de Vandinha. Na redação, em e-mail emitido para o editor do blog, comentou, em off: “Chefe, aquele vestido é um crime contra as famílias de bem. E a ausência do sutiã é um crime contra a humanidade. Como diria Fábio Sena: Deus me livre d´eu ir lá!. `Por tudo que pensei nos poucos instantes que estive nas proximidades de Vandinha, chamai-me, chefe, de ímpio, de iníquo, de herege, de vândalo, de sacripanta, de verme, mas, por favor, chefe, não me queira mal, porque eu só sei querer bem.

TUDO SOLTO, BRODER! Vanderley, nosso repórter, concluída a entrevista
com Vandinha, ainda pode entrevistar, no local do acidente,
Henrique Passos – pivô das colisões –, morador do Engenho Velho de Brotas, tendo obtido o seguinte depoimento: “Cara, quando eu tava indo, ela estava vindo. Vestido solto, cabelo solto, peitos soltos, tudo solto. Broder, quando eu vi aquilo, meu amigo! E o vento, cara?! Meu Deus! Tudo solto, broder, tudo solto! Reduzi para 40, e fiquei olhando pelo retrovisor! De frente, tudo solto; de trás... Antes de virar para olhar pra frente eu só vi o estrondo! Opaí, broder! Opaí, Broder! Conclui, apontando para o carro.

DINALVA - PURO DESPEITO!: “Homem é tudo igual!” Essa foi a única coisa que Vanderley conseguiu obter de Dinalva Mendes, dona do veículo com o qual Henrique Passos colidira. Havia indignação no rosto de Dinalva: primeiro, porque sua infra-estrutura estava largos passos distantes da arquitetura de Vandinha; segundo, porque a multidão que se aglomerara nas proximidades do local só tinha olhos para um ponto (dois pontos, para ser preciso); terceiro, porque, enfim, o carro dela teve considerável avaria.

DONA ODETE, A MÃE DA “INUCENTE”: Vanderley, nosso incansável
repórter, decidiu entrevistar dona
Odete Lemos, mãe de Vandinha, que, tendo escutado o barulho, se deslocou até o local da colisão. “Eu falei com Vandinha: Menina, tu vai sair com essa roupa!? Mas ela não me ouve. Essa menina é muito “inucente”. Depois ela não gosta quando Dé briga com ela. Num é Dé?

DÉ: O BICHO TÁ PUTO!: Vanderley, vendo que aquele sujeito de cara emburrada no portão da casa de Dona Odete era o namorado de Vandinha, preferiu não fazer perguntas ao mesmo. Dé estava visivelmente amuado e aborrecido. Não era a primeira vez que as indumentárias de Vandinha lhe causaram problemas. A última vez que saíra com ela (segundo depoimento da própria Vandinha), a mesma cobrira sua infra-estrutura inferior com uma saia que, no dizer de Dé, era só o cós, e mais nada. A infra superior? Tudo solto. Homens, de mamando a caducando, em face da visão celestial que se lhes impunha seus próprios olhos, não se continham e, ignorando que Vandinha estava com Dé, diziam algumas coisas, assoviavam outras, e pensavam outras tantas. Dé? O bicho tava puto!. Durma com esse barulho.

28 de dezembro de 2006

Teoria da Escala-Crística – Parte II

Conforme compromisso assumido na edição de ontem, estamos publicando, aqui, perguntas feitas por leitores do jornal Radical News à Dra. Cristina Gherapolemika Dhanada, em face de seu artigo intitulado: Evidenciando o Evidente: é Isso Mesmo e Pronto!, publicado em 24/12/06. Desde sua publicação, há quatro dias, o artigo vem causando uma grande agitação nas comunidades civis e eclesiásticas. Talvez, tal furor possa ser atribuído ao fato de a sexualidade ser um tema que toca a todos de igual modo, o que faz com que qualquer posicionamento, isento ou não, científico ou não, fira as raízes mais profundas do ser, impulsionando as pessoas às mais diversas reações. Está posto, e isso agora se evidencia, que o grande interesse no tema decorre de uma só razão: resquícios de elementos daquele homem lá da pré-história ainda estão vivos e predominantes no comportamento dos homens, os construtores da sociedade contemporânea. Fora outro o nosso tempo, fora outro o homem, e esse tema sequer seria objeto de discussão. O homem que, a nosso ver, deveria estar buscando as coisas do alto, os elementos de sublimação de seu ser, a bases de sua espiritualidade, esse homem está afeito e infenso às misérias de sua existência: alimentar-se, cobrir-se, reproduzir-se, atender aos apelos de seus “instintos mais selvagens” (como diria...), “lambuzar-se a noite inteira” (como diria...). É pois esse homem, um homem ainda enraizado e encarcerado na miséria de sua pré-história, um homem submisso à matéria, é esse homem que indaga, que quer saber, que inquire, curioso e persistente, acerca dos aspectos básicos e, porque não dizer?, subterrâneos de sua existência. Considerando, pois, que a natureza não dá saltos, submetemo-nos ao império dos instintos, e, sem mais delongas, abrimos espaço para que nossos irmãos (os contemporâneos deste século de dor) possam satisfazer sua curiosidade, conforme se verá abaixo.

[Pergunta formulada por Nelson Jacinto, de Sobradinho-DF] Dra. Dhanada, algum dos entrevistados era homossexual? Não. Os homosexuais não são medidos com base na Teoria da Escala-Crística, já que os mesmos não têm relações com mulheres. E mesmo aqueles que se intitulam bissexuais não entraram para a
amostragem utilizada.

[Pergunta formulada por Karina Yuri, de Várzea-Grande-MT] Dra., toda regra tem exceção? Toda regra tem exceção. Verificamos uma oscilação para baixo de
intelectuais com perda de virilidade na faixa de 17%, o que, a rigor, contraria
nossos estudos. Mas o percentual foi tão pequeno que não afetou em nada nossa
teoria. Isso porque, por outro lado, encontramos homens-informados com perda de
até 90% de virilidade. Baseando um pelo outro, tivemos um zeramento desses
extremos (tecnicamente, espelhamento por mútua eliminação), ficando o caminho do meio como único guia para embasamento da Teoria da Escala-Crística.

[Pergunta formulada por Júlio César, de São Sebastião-DF] Uma vez certificada a teoria, não haverá uma avalanche de jovens abandonando as escolas? Se esses jovens preferirem ser viris, em detrimento de se transformarem em homens refinados, inteligentes, informados e partícipes do processo evolutivo da umanidade, sim; creio que haverá uma debandada geral. É lamentável deduzir que, para esses jovens, a luxúria seja o caminho a ser trilhado.

[Pergunta psico-formulada por Alan Kardec, do Além] E a senhora, pessoalmente, prefere qual das categorias na Escala-Crística? A rigor, meu gosto pessoal não pode ser tido como informação relevante para essa discussão. A Teoria da Escala-Crística, embora leve meu nome, é resultado de estudos desapaixonados, elaborados por uma equipe de profissionais igualmente desapaixonada, mas devotos da ciência e suficientemente pragmáticos para submeter sua opinião pessoal à verdade dos fatos e dos números. Mas, se lhe satisfaz, digo-lhe que partilho do mesmo critério que boa parte das mulheres adota: gosto de homens inteligentes e cultos, mas minha libido vai ao Trópico de Capricórnio se tocada por mãos selvagens e brutalizadas. Não obstante isso, foi minha porção racional que esteve permanentemente presente aos trabalhos de elaboração e comprovação da Irretocabilidade da Teoria da Escala-Crística.

[Pergunta formulada por Sandro Alves, de Salvador-Ba] Como é que ficam as mulheres nesta história toda? Haverá alguma escala que mensure o desempenho das mulheres? Sandro, há estudos em andamento buscando estabelecer as bases do desempenho feminino. O Dr. Claustro Fhóbico e sua equipe vem fazendo estudos há mais de 10 anos para elaborar uma Teoria da Escala-Ohgod! Mas ainda são embrionárias as buscas. Já se comprova, por c+d, que são inúmeras conexões neurais que permeiam cérebro feminino, basta dizer, a título de ilustração, que, segundo imagens da ressonância magnética funcional, neurocientistas da equipe do Dr. Claustro concluíram que o cérebro das mulheres é aproximadamente 10% menor que o dos homens (meninos, não se animem), porém, possui maior número de conexões entre as células nervosas. A mulher está mais sujeita a sentir depressão do que o homem e, quanto a isso, existe uma relação direta com a baixa produção da substância química cerebral, a serotonina, no cérebro feminino. O cérebro masculino é voltado para a compreensão, enquanto o feminino é programado para a empatia. Enfim, qualquer opinião que eu possa emitir nesse rumo será mera especulação. Aguardemos, pois, que a Teoria da Escala-Ohgod! possa polir melhor esse espelho embaciado que é a mente feminina.

[Pergunta formulada por Waldir Pires, esse mesmo] Dra. Dhanada, em que pese não ser esse o fulcro de vossa teoria, pode-se inferir que há, nas entrelinhas de seu discurso, a proposição de poligamia para as mulheres? Ou seja: terem, para responder aos seus apelos carnais, um homem, e, para outros fins que não os da carne, outro homem? É isso ou estou voando? Senhor Waldir Pires, não sou da Anac, daí não poder falar se o senhor voa ou não voa, mas posso lhe afirmar que, de fato, esse não é o fulcro da Teoria da Escala-Cristica.

[Pergunta formulada por Paulinho Dagomé, editor do Radical News] A senhora tem medo de sua teoria ocasionar um verdadeiro apagão no mundo das ciências? Não, não tenho. Fernando Pessoa apregoava que “pensar é estar doente” e nem por isso houve overbooking nos hospitais de Lisboa.

[Pergunta formulada por Pedro Almodóvar, da Espanha] A senhora teme ser apedrejada pelos membros da academia de ciências da vida? Quem for menos viril que atire a primeira pedra. Xeque!

[Pergunta formulada Márcia Cristina, de Vitória da Conquista-Ba] A anorexia pode virar moda? Márcia, vá passar uns dias em Ondina.

[Pergunta formulada por Devana Babu, de Brasília] O que a senhora pensa a meu respeito? Pensar é estar doente. Xeque!

AMANHÃ, LEIA A TERCEIRA E ÚLTIMA PARTE DA ENTREVISTA COM A DRA. DHANADA.

Extra!! Extra!!

Não percam, hoje, a Segunda Parte da Entrevista Bombástica com a Dra. Cristina Gherapolemica Dhanada. Perguntas hiroshímicas e respostas nagazákicas vão permear o post de dentro em breve.

Universo Sincrônico ou Praga?

Há um sinal de trânsito, no início da Sete de Setembro, na altura do Forte de São Pedro, que sempre (sempre!) está fechado quando entro na rua. Não quero atribuir a Murphy os créditos, nem mesmo a nenhum membro do Reino das Trevas, nem mesmo a nenhum funcionário da Secretaria de Trânsito que, porventura, aciona o dispositivo %$#@#@ que fecha o sinal ao perceber minha aproximação. Vou atribuir isso a Waldir Pires, grande responsável por todos os males que assolam a humanidade. Por quê Waldir? Hão de indagar muitos de vós. Respondo com outra pergunta: E vou culpar a quem? Murphy? O Império das Trevas? O funcionário onisciente e onipresente da Secretaria de Trânsito?. Waldir é o nosso mais novo Cristo. E, respondendo a outra pergunta que eu sei que virá, não, não há outra rua que dê acesso ao ao meu destino.

27 de dezembro de 2006

Tema Levantado pela Dra. Dhanada é certificado pelo CCTC

Conforme anteriormente profetizado pela Dra. Dhanada, em entrevista concedida a esse Blog, o Comitê Certificador de Teorias Catastróficas –CCTC, que se subordina ao Comitê Certificador Internacional de Teorias Catastróficas – CCITC, que se subordina ao Supra Comitê Maior que Todos – SCMT, emitiu, nesta tarde, Certificado de Convicção Plena e Irretocabilidade Total da Teoria da Escala-Crística. O certificado tem o poder transformar meras especulações em Teorias. Voltamos depois com maiores informações acerca da polêmica levantada pela Dra. Dhanada.

Entrevista Exclusiva e Polêmica e Explosiva

A equipe de reportagem do Cem Fins Lucrativos, a partir da leitura do artigo “Evidenciando o Evidente: é isso mesmo e pronto!”, publicado no jornal brasiliense Radical News, de 24/12/06, de autoria da sexóloga indiana Dra. Cristina Gherapolemika Dhanada, fez a entrevista abaixo com a sexóloga a fim de esclarecer melhor os temas evidenciados em seu artigo que, em síntese, aponta que o grau de informação (inteligência) do homem determina sua potência sexual.

A Dra. Dhanada é formada em antropologia pela Universidade de Chicago e em Sociologia pela Sorbone, onde se pós-graduou e doutorou em Estatísticas Comprobatórias e Evidenciadores.

O artigo gerou certo furor nos círculos acadêmicos do Distrito Federal, estado onde está um dos maiores Índices de Leitura por Habitante (ILH) do país, perdendo somente para a cidade de Vitória da Conquista-Ba, cidade de Glauber Rocha e do irmão do editor deste Blog, Fábio Sena.

Vamos à parte 1 da entrevista (que terá 3 partes):

Cem Fins Lucrativos: Dra. Dhanada, em artigo publicado no Radical News, intitulado Evidenciando o Evidente: é isso mesmo e pronto!, a senhora defende que tanto maior o conhecimento de um homem, tanto menor sua virilidade. É isso mesmo, ou houve erro de digitação por parte do jornal?

Dra. Dhanada: Não, não. É exatamente isso. A virilidade do homem é inversamente proporcional à sua capacidade intelectual. Ou, encarando por outro
ângulo, a capacidade intelectual do homem é inversamente proporcional à sua
virilidade. Ou: a virilidade do homem é minimizada à medida que ele maximiza
seus conhecimentos.

CFL: A senhora concorda com a assertiva de que tal postulado estabelece um paradigma que pode mudar radicalmente o rumo da ciência e, por extensão, o rumo dos homens propriamente ditos?

Dra. Dhanada: Concordo. Mas fatos são fatos. Número são números. Tabelas são tabelas. Índices são Índices. Dados são d...

CFL: Chega!!!

Dra. Dhanada: ... não se trata de deduções alicerçadas na areia. Houve uma pesquisa que envolveu o trabalho exaustivo de uma equipe de 20 técnicos, que tabularam dados obtidos através de entrevistas feitas com, pelo menos, 5 mil homens de pontos diversos do Brasil e de idades que iam de 15 a 70 anos.

CFL: Ou seja, em linguagem comum, a senhora está dizendo que, quanto mais intelectual for o homem, menos “homem” ele será. É isso?

Dra. Dhanada: É isso. Se você quiser simplificar ainda mais a frase, dada a diversidade do seu público-alvo (viris e não viris), você pode dizer que: quanto mais ignorante, tanto mais potente.

CFL: Confesso à senhora que estamos diante de um furo jornalístico... mas, diga-me, em que escala se dá essa perda de virilidade.

Dra. Dhanada: Veja só: a escala segue o seguinte critério da escala-crística (batizamo-la assim em função do meu nome): Há o homem informado, o homem inteligente, o homem intelectual, o homem culto e o homem erudito. O primeiro, se muito informado, tem uma perda de 20% de sua virilidade (aproximadamente); o segundo, se muito inteligente, tem uma perda de 40% de sua virilidade (aproximadamente); o terceiro, se muito intelectual, tem uma perda de 60% (aproximadamente); o quarto, se muito culto, tem uma perda de 80%; o quinto, se erudito, perde 100% (aproximadamente). Ou seja, o quinto...

CFL: Peraí! Peraí! A senhora está dizendo...

Dra. Dhanada: Isso mesmo.

CFL: Então, o Alexandre Frota...

Dra. Dhanada: Eu gostaria de não citar nomes... não acho ético. A pesquisa não pretende criar uma situação de vexame para ninguém... até porque, ainda não obtivemos certificação junto ao CCTC.

CFL: Diga-me uma coisa: eu, que na escala-crística me auto-enquadro na categoria dos meramente informados (ou seja, menos de 20% de perda), o que fazer para alcançar 0% na escala? Ou seja: se eu quiser ampliar meu potencial, há alguma forma de, digamos, emburrecimento pleno?

Dra. Dhanada: Veja, o que existe é a possibilidade de estacionar onde você está, mas involuir é impossível. Ou seja, você não pode deletar seus conhecimento nem tampouco desacelerar seus neurônios. Se você, conforme se intitula, está na categoria dos meramente informados, erga as mãos para os céus e agradeça!

CFL: [o entrevistador, tendo as mãos para cima e o olhar contrito para os céus, balbucia algumas palavras ininteligíveis em tom de pia oração]...

Dra. Dhanada: Vale acrescentar que o nosso estudo, uma vez certificada a teoria pelo Comitê Certificador de Teorias Catastróficas – CCTC, coloca a sociedade diante de um desafio sem precedentes: inverter esse quadro. Do contrário, teremos um colapso no ensino público e nas ciências de um modo geral.

CFL: A senhora realmente se importa de citar nomes? É que eu tenho um irmão que...

Dra. Dhanada: Por favor, sem citar nomes!

CFL: Tá, tá.

Dra. Dhanada: As conclusões a que chegamos só fazem comprovar aquilo que, empiricamente, já vinha sendo apontado pela própria sociedade. Desde as eras mais remotas, a mulheres preferem o trabalhador braçal a qualquer executivo, ristocrata, intelectual, pensador, escritor, cientista, professor, etc. Por sua vez, pedreiros, maquinistas, estivadores, padeiros, mecânicos, bombeiros, etc, são as categorias preferidas pelas mulheres para... enfim.... As categorias anteriores – composta
pela elite culta da sociedade – são úteis (desejados) mais do ponto de vista da representação social. Traduzindo: na mesa, um; na cama, outro. Essa teoria encontra respaldo, inclusive, nos autores de novelas. Em Senhora do Destino, a personagem de Renata Sorrah interpreta a vilã Nazaré, que tem relações com um pedreiro. Na literatura mundial, há uma infinidade de exemplos que já apontavam para essa verdade absoluta e evidente.

CFL: [ainda tendo as mãos para os céus, contrito] Dra. Dhanada, estamos aqui com algumas perguntas formuladas por leitores do Radical News, que passamos às suas mãos para que amanhã, na segunda parte desta entrevista, possamos respondê-las. Muito obrigado por sua atenção.

Dra. Dhanada: Eu é que agradeço e me coloco à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.

LEIA AMANHÃ A PARTE 2 DESTA POLÊMICA ENTREVISTA



25 de dezembro de 2006

A Lei da Atração – Dura lex sede lex, Suzana!

Por outro lado, a Suzana deve ter construído esse episodio, já que tudo que acontece à nossa volta resulta de nossa mente. Ou seja, ela atraiu esse acontecimento. Logo, o Marcelo é apenas um personagem (inocente útil) neste cenário, que foi construído por um conjunto de forças conspiratórias, originadas e sedimentadas na mente da Suzana. Logo, ele não deve ser condenado por ter batido na singela moça de 25, de nome não identificado, e de ter quebrado a suíte do Motel Queen. Esse é mais um caso para o meu amigo Manoel – jurista, pensador e devoto da Lílian.

Ah, gente, tem dó!

À parte aquilo que já veio a público, andei meditando sobre o que pode estar passando pela cabeça da Suzana Vieira. No fundo, me apiedei. Vejam vocês: rica, famosa e atraente, casar-se com um sujeito de 36 dá ao acontecimento uma moldura à altura da pintura. É ou não é? Que pode ter pensado ela? Vejamos: “a Elba Ramalho teve sucesso com alguém mais jovem, eu também posso ter!”. Claro que, contra este argumento, há o testemunho da Marília Gabriela; “é, mas a Elba...” Vejam vocês: pô! houve o casamento; houve toda a divulgação do fato em todas (todas!) as mídias do Brasil e do mundo; houve a festa; houve, da parte dela, toda uma série de confidências com as amigas; houve todos os rumores acerca das excentricidades da atriz (o romance dos dois foi marcado por cenas tórridas de amor nas praias e festas cariocas, sempre flagradas por paparazzi, diz um site de fofocas); houve, enfim, toda uma estrutura emocional movimentada em face do fato! Tudo isso, toda essa arquitetura foi abaixo por conta da índole do Marcelo (não, eu não sei o CPF dele). Vamos imaginar (supositoriamente) que ela tenha, de fato, se apaixonado (coisa que todo mundo acha improvável, pois acredita-se que a fusão – casamento – seria uma conveniência interessante para ambos); vamos imaginar (a nível de cogitação, hehe) que ela o amasse! Vamos supor (a nível ilação) que ele também tenha dito pra ela que sua vida começou quando a conheceu? Ah!, gente, tenha dó! É muito doloroso. E mais: ele tinha que quebrar a suíte? Ele tinha que bater na moça? Ele tinha que ir com o carro da Suzana? Ele tinha que fazer escândalo? Ah!, gente, tem dó!

Um Mês Só de Domingos

Vou tirar 30 dias de férias. O fato de não ter dinheiro para aventuras distantes não quer dizer nada. Há uma infinidade de lugares em Salvador que não conheço e tem os livros do John Updike que ainda não li (Um Mês Só de Domingos). Logo, posso ficar por aqui. Mas, se dinheiro houvesse.... ficaria uma semana em Cuiabá, uma semana em Vitória da Conquista e o resto do tempo viajando às margens do São Francisco. Às margens dele, há uma cidadezinha chamada Sant´Anna. Gente, imagine um lugar... como vou dizer?... mágico! Um lugar que tem uma história que não se conecta à história do Brasil, que não está rodando no mesmo movimento de translação e rotação da terra, que está sozinha, contando sua própria história... vivendo de si para si... um mundo à parte... Sant´Anna. Lá, os meninos de minha época, que tinham 13/14 anos, continuam com 13/14 anos. O prefeito da época continua sendo ele. Minha professora de francês, Madame Altair, que todos os dias fazia o percurso de sua casa até o Convento onde eu estudava, continua fazendo o mesmo percurso. O tempo em Sant´Anna foi congelado no ano de 1984. Temo que, chegando lá, não me reconheçam. E se eu encontrar Aparecida? Aparecida tinha 11 anos em 1984. E se eu encontrar Carla? Carla tinha 12 anos. E se eu reencontrar Monsenhor Félix? Monsenhor tinha 75 naquele ano. Devo a Monsenhor tudo que sei sobre o Luteranismo e sobre o Calvinismo. E se eu me encontrar? Eu tinha 14 e trabalhava com paínho na Panificadora Massa, estudava no Convento e éramos, eu e Aparecida, os alunos preferidos de Madame Altair; eu, porque era especialista na gramática francesa; Aparecida, porque tinha uma pronúncia de fazer inveja à própria Madame. Ela ficou tão afiada que até pra falar em português ela fazia biquinho. E seu eu encontrar Mirela? Mirela era mais velha que eu - devia ter seus 25, quando eu tinha 14. Mas... bem, esqueçamos. Mas se eu for em Sant´Anna e não for reconhecido, não tem problema. Aparecida estará com 11; Carla, com 12. Pode configurar pedofilia. Mas Mirella...

É o fim do mundo...

Karina me disse que, após longos estudos feitos ao longo de longos anos, chegou a evidências que provam, por c+d, que gente que nunca morreu está morrendo. Depois disso, eu, que nunca morri, quase morro.

A quem interessar possa...

Uma das mulheres mais cultas e inteligentes que conheço é professora do curso primário de uma escolinha do subúrbio de Várzea Grande-MT. Enquanto explica para os seus pupilos o que é êxodo rural, a mente dela está um pouco mais longe, resolvendo equações do tipo: Tempo e espaço são ilusão? Levitar é um fenômeno tão banal quanto fazer um miojo? As unhas crescem a quanto kilômetros por hora? O que ele quer dizer com Cem Fins Lucrativos? Se você quiser pirar, converse com ela. Eu, Graças a mim, me livrei de enlouquecer ao mudar para Salvador, mas o namorado dela...

Deve ser despeito...

Nunca fui fã do Leonardo DiCaprio. Aqui e ali eu assistia uns filminhos dele. Mas, fã mesmo eu nunca fui. Deve ser despeito. Só pode. No entanto, no último filme dele, confesso que revi os meus conceitos. Brilhante. Ele, Jack Nicholson e Matt Damon em Os Infiltrados dão um show. O filme é muito bom. Aconselho que vá ver, Giovane DiCaprio!

24 de dezembro de 2006

Que onda é essa, meu irmão?

Depois que aprendi a nadar - conforme largamente divulgado em todos meios de comunicação - tenho mantido um relacionamente de muito afeto e cumplicidade com o mar. Hoje, ali pelas 5 da tarde, desfrutando da mútua confiança que estabelecemos eu o velho mar, avancei nele (que mente suja tendes vós!) e fiquei com água até os ombros (antigamente ia até o abdômem). Num dado momento, olho em direção à África, e vejo que uma conspiração de gotas se aproxima de forma nada amigável, formando uma onda tão imensa e tão alta e tão volumosa e tão amedrontadora e malévola que pude ver, claramente, que uma praga do Agnaldo Timóteo estava se cumprindo. Gente, a onda era imensa. Bem, sobrevivi, já que vos escrevo. Mas bebi água salgada o suficiente para ficar muito, muito zangado com o mar. Recuperado do susto - e vivo - pude exprimir minha ira para o meu amigo irritadiço: Que onda é essa, meu irmão? Porra, Bicho!

Solução para Khaos Aéreo no Brasil

Waldir, para resolver o problema de uma vez por todas, contrate meu irmão Petrônio. Amanhã eu te dou em detalhes informações sobre ele, que também é baiano.

23 de dezembro de 2006

Três Facetas da Estupidez!!!

Quem um dia irá dizer se existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão? Tenho minhas razões pra comentar o uso da palavra estupidez em três momentos. Estupidez numa canção do Roberto Carlos: Sua Estupidez. Estupidez numa canção do Renato Russo: Perfeição. Estupidez numa frase minha proferida ontem no trânsito. Na canção do Roberto, um dos versos diz: “Sua estupidez não lhe deixa ver que eu te amo”. Não tenho idéia de quem era a mulher com quem ele falava, mas ela devia ter suas razões para ser estúpida com ele. Ou não. Ele, por sua vez, estava indignado com a insensibilidade dela: “... conte ao menos até 3; se precisar, conte outra vêz...”. Ao visto, ela não era muito de levar na esportiva. Devia falar o que lhe dava na telha. “Meu bem, meu bem, use inteligência uma vez só, quanto idiotas vivem só, sem ter amor, e você vai ficar também sozinha...” Ai ele pegou pesado. Jogou praga. Nostradamou legal na moça. “Nunca vi ninguém tão incapaz de compreender que o meu amor é bem maior que tudo que existe... mas sua estupidez...” Pelo visto, ela era de doer, de feder chamusco, como diria paínho. “No mundo não há mais lugar pra quem toma decisões na vida sem pensar”. Ponderar não era o forte da moça. Nem razão, nem sensibilidade. Intempestiva. Inflexível. Durona. Estúpida. Não sou psicólogo, mas acho que as personagens da Marta e Alex (novela das 8) se encaixam bem nessa história. Na canção do Renato Russo, um tributo à estupidez: “Vamos celebrar a estupidez humana, a estupidez de todas as nações”. É evidente que vai ai uma overdose de ironia. Ou não. “A estupidez de quem cantou esta canção...” Renato aponta na canção um elenco de atrocidades e problemas sociais diversos. E vê nos seu próprio gesto de cantar uma nova estupidez. Mas, meio que na linha de “e num recanto pus o mundo inteiro”, do Machado de Assis, brinda-nos ao final da canção com: “Venha, meu coração está com pressa, quando a esperança está dispersa, só a verdade me liberta, chega de maldade e ilusão; venha, o amor tem sempre a porta aberta, e vem chegando a primavera; nosso futuro recomeça: venha que o que vem é perfeição... “ Ana Paula e Alison, meus amigos de Cuiabá, reagem diferentemente em relação à letra. Ana, sensível como as asas de uma borboleta, se indigna; Alison, imexível como os estalactites em Bom Jesus da Lapa, dá de ombros. Por fim, na minha frase. Ontem, no sinal de trânsito na altura da Praça Castro Alves, uma jovem de seus 18 a 20 anos, dirigindo um Uno de auto-escola, tendo ao lado seu instrutor, se perde na troca de marchas e deixou o carro “morrer”. Eu, pouco atrás, fiquei ouvindo os motoristas dos carros interrompidos por ela gritando, businando impacientes, já que a garota, coitada, não conseguia mover o carro ou mesmo racionar, em face da pressão. Eu disse a mim mesmo: “Quanta estupidez”. É impressionante o quão grosseiros são os motoristas desta cidade! Primeiro, era um carro de auto-escola; segundo, era visível o transtorno da garota; terceiro, é um lugar de grande movimento, mormente no Natal; quarto, fosse quem fosse, um pouco de paciência é sempre bom. Fiquei puto. Quase digo: “Quanta imbusbebibilidade!”

Imbusbebável - Uso e Abuso de um Neologismo

Não recomendo a ninguém a companhia do meu irmão Fábio. Não recomendo a ninguém ficar a menos de 20 metros dele. Sei que isso soa desumano. Vai que ele fique traumatizado!?. Vai que a Nancy – primeira dama – veja nisso o início de uma guerra fria!?. Vai que maínha aponte-me com o dedo e me repreenda em nome da Santa Igreja!?. Vai que Petrônio diga: “Porra, bicho!” – Petrônio sempre diz “porrabicho!”, em qualquer circunstâncias!?. Mas, apesar de aconselhar-vos amplo distanciamento do meliante – que, por acaso, deriva do mesmo ventre através do qual vim à luz – Fábio deu uma grande contribuição à humanidade; contribuição essa que – por si só – justifica a vinda dele à terra. Fábio inventou o termo IMBUSBEBÁVEL. Exato. Imbusbebável é aquela palavra coringa que faltava àqueles que querem dizer o dizível e o indizível. Imbusbebável é aquela palavra que, para que alcance o fim informacional a que se quer chegar, basta flexionar a voz – mudando a tonalidade ou dando ênfases diferentes às sílabas. Se o uso for na escrita, utilize os já conhecidos recursos: aspas, travessão, vírgulas, reticências, exclamações, interrogações, uma e outra, enfim... Vamos aos exemplos: “Bicho, comi uma feijoada ontem que me deixou meio imbusbebado...” Qualquer pessoa que ouça/leia tal frase saberá de imediato que ele quis dizer que uma fermentação típica dos trópicos leva-lo-á – com freqüência imprevista – ao banheiro, e que vão aconselhar de tudo: boldo, água de côco, etc. “Mô, não me leve a mal, mas você hoje estava imbusbebável!". Está evidente que ela quis dizer que o maridão simplesmente não correspondeu às expectativas. “Qual é o grau de imbusbebabilidade da prova, professor”. Está claro que o aluno indaga acerca do grau de dificuldade da prova. “Vá se imbusbebar!” Óbvio. “Jane se nega a imbusbebar na semana santa; tem lógica?” Vede quão útil é o termo! A palavra, discreta como é, não fere os ouvidos nem pode ser repreendida pela igreja católica. “No fundo, sempre achei muito imbusbebável aquela barba do Renato Russo, você não acha?”. Eu concordo. Custava ele dar uma aparadinha na bendita?. “Se eles, deputados, imbusbebam, porque que eu não posso imbusbebar?” Eis uma questão de caráter ético instrumentalizada pela multi palavra. “Se você se aproximar, Antônio, eu te imbusbébo todo, viu?” Sou contra violência, mas, por Deus!, ela se defende de uma tentativa de estupro!. "Está escrito: Aqueles que imbusbebam serão imbusbebados." Atribui-se essa frase ao profeta Maurício, indignado pelo fato de a caixa de som não funcionar nem a pau. “Juninho, agora que está chegando nos 20, anda todo imbusbebado...” Na bahia, a gente chama isso de mascaração. Mascarado é aquele sujeito que, numa festa, põe a mão no bolso e faz poses altamente mocorongas, certo de que está abafando. “Menina, tô toda imbusbebada, cê acredita?“ Poupo-vos do comentário. “Se ele pensa que eu vou ficar me imbusbebando por ai, só porque ele me abandonou, pode tirar o cavalinho da chuva!" As crises nas relações amorosas são apoiadas todas no termo, que dispensa qualquer tradução, já que todos sabemos exatamente o que acontece após o abandono. “O chefe hoje tá imbusbebado”. Se isso for dito baixinho, é que o chefe tá uma arara (vide o Diabo Veste Prada); se dito às escâncaras, é que o chefe tá um doce. “Vinde a mim, vós que estais imbusbebados, e eu vos mostrei o caminho do banheiro”. É o garçom falando. “Eu gosto das músicas do Agnaldo Timóteo, mas ele pessoalmente é muito imbusbebado”. Sobre o Tima, vide post abaixo (Dotô...). "A crise na aviação, está deixando as pessoas imbusbebadas". Basta ler os jornais para saber o que isso quer dizer. Eis, portanto, míseros exemplos dos diversos usos e abusos possíveis com a palavra imbusbebar. A palavra já é largamente utilizada em Vitória da Conquista – sudoeste da Bahia – onde reside seu inventor, Fábio Sena. Lá, as mães já recorrem a palavra para tudo: “Ô imbusbebado, vem almoçar, menino!” É que os meninos jogam gude na esquina de Beto. “O pirão imbusbebou todo, Márcia! É que, se não ficar atento, desanda mesmo. Enfim, esta é palavra que faltava. Vou ficando por aqui. Hoje é sábado e eu tô muito imbusbebado. Além do mais, estou na casa de minha tia, onde tem umas crianças um tanto quanto imbusbebáveis: Felipe, filho de Verônica; Yasmin, filha do Antônio Carlos. Você diz pra eles: “Não pode colocar a mãozinha no computador do tio” Mas eles entendem exatamente o contrário: “Coloca o dedo na tela, aperta a tecla!” Se eles já entendessem a palavra imbusbebável tudo se resolveria.

21 de dezembro de 2006

Eu, CB e Luciano: Diretrizes Estratégicas para Não Passar Vergonha

Minha mãe sempre diz que eu não perco a cabeça porque ela está “pregada no pescoço”. Ela se refere ao fato de eu não ter muita coordenação das coisas à minha volta e ao fato de esquecer muito facilmente de qualquer coisa, qualquer hora, em qualquer lugar. Eu atribuo isso a uma qualidade, não a um defeito. É sinal de que minha mente se fixa mais nas coisas filosoficamente mais importantes, o que me dá uma certa deficiência para tratar das coisas do mundo dos terráqueos. Tem ou não tem fundamento? É bem verdade que, vez por outra, passo alguns apertos por força desses vacilos, o que me põe em situações nada interessantes. Antes de ontem, por exemplo, passei por uma dessas situações. Logo, logo vocês vão entender o título acima. Bem, ali pelas 13:30h, resolvi almoçar. É que tem dia que não almoço (ora porque esqueço, ora porque me envolvo demais com o trabalho, etc). O certo é que fechei a máquina e fui lá pro Largo Dois de Julho, onde tem um “selvi-selvi”. Um prato, um pouco de arroz, uma saladinha (tô emagrecendo, vereis!), um franguinho, duas pitadas de feijão e três ou quatro grãos de arroz. Pronto. Peso o prato. Recebo uma ficha. Sento-me com aquele meu ar peculiar de “saibam todos que eu estou ciente de tudo que pensais, mortais!”. Concluo o almoço, peço um suco de laranja. Acrescento ao pedido do suco a recomendação de que não ponha açúcar (tô emagrecendo, vereis!). Vem o suco, bebo. E, diante do inevitável, dirijo-me ao caixa. Retiro a carteiro e percebo que não há um centavo na mesma. Em momentos como este, quando uma mísera gota de suor percorre das têmporas ao pescoço, é que a gente percebe que a vida não tem sentido algum. E menos sentido ela tem quando uma seqüência de gotas resolve seguir o exemplo da primeira, dando-me a incômoda sensação de que uma grande quantidade delas adere ao movimento gotífero, e um grande arrastão de gotas segue rumo ao infinito (o infinito fica nas imediações do cinto). A moça do caixa está me olhando e olhando também para umas três pessoas que estão atrás de mim (pessoas que, oh vida!, não têm uma única gota de suor manifesta, o que é razoável já que estamos num ambiente refrigerado). Ali, diante de mais uma das situações da minha vida que me fazem ver que a vida não é só filosofia, uma luz gigante de colocou sobre minha alma e eu me lembrei que, num dos infinitos compartimentos de minha nova carteira (lembrem-me de vos contar a história desta carteira futuramente) havia, devidamente dobrado, 20 reais. Foi com um misto de vitória, satisfação e alívio que paguei a conta de 6,75 reais. De posse do troco (e da dignidade), parti rumo ao trabalho, recordando-me... Numa dessas manhãs em Cuiabá, na sede da empresa em que eu trabalhava, estávamos reunidos eu (o "faz tudo" no entender do Presidente da empresa), CB (Presidente da empresa, cujo nome por extenso é Cláudio Brüehmüeller) e Luciano (motorista da empresa). CB, doutrinário e sapiente, diz-nos: “Rapazes, aconselho-vos: tenham sempre uma nota de 50 reais guardada na carteira. Dobrem-na bem direitinha e ponham-na num compartimento qualquer. E esqueçam. Não usem para nada.” Eu – o faz tudo –, e Luciano – o motorista –, ouvimos e nos calamos. Este mês, quando recebi meu salário, resolvi seguir o conselho do CB e dobrei uma nota de 20 reais umas 30 vezes, de tal modo que ela ficou minúscula. Guardei-a na carteira e esqueci, lembrando-me somente por ocasião do almoço no “selvi-selvi”. Não vejo CB há muito tempo, e não sei o que ele me diria se lhe contasse o fato. Talvez dissesse: “Parabéns, Luiz! Fico satisfeito de meus ortodoxos conselhos terem acolhida em seu cérebro. Bom rapaz você!”. Ou não. Ele poderia dizer, ao invés: “Luiz, tua mãe tem razão: Você não perde a cabeça porque tá pregada no pescoço!”.

Chocolate Meio Amargo

Faz quase um ano que me tornei usuário inveterado do Chocolate Meio Amargo da Nestlé. Nenhum processo de desintoxicação, nem mesmo os argumentos da minha consciência foram capazes de me libertar desse vício. Não desejo isso nem pro Agnaldo Timóteo. Vocês podem imaginar o que é não poder ir num supermercado?. Se eu for, uma força descomunal me conduz para a gôndola de chocolates, e uma força ainda maior conduz minha mão até a barra de chocolate Meio Amargo da Nestlé, e uma outra força invencivelmente mais poderosa faz com que, ali mesmo, eu rompa o lacre e coma... como se fosse um beduíno que, após longa caminhada no Saara, vislumbrasse, ali perto, o oásis. Não desejo isso nem pro Waldir Pires. Estou falando de algo que humilha. Eu, que sempre tive pleno domínio de meus atos; eu, que sempre fui senhor de minha vontade; eu, que nunca me submeti às coisas inanimadas; eu, cuja única coisa que ainda poderia ter alguma influência sobre minha resoluta decisão era uma panela de abóbora cozida com carne de sol; eu, Luiz Cláudio, ajoelhado e humilhado diante de uma barra de Chocolate Meio Amargo... Não desejo isso nem pra alma de Pinochet. E como se não bastasse isso, tive que ouvir de minha irmã Márcia um sermão de duas horas, onde ela, além de me acusar de fraco, fez um levantamento das causas de meu vício: “Claudinho, você não se enxerga?! Essa sua dependência tem uma única razão: não ter se casado! Veja você se algum de nós – eu, Maurício, Minéia, Petrônio, Fábio, Paulinho e Marlúcia – submetemo-nos a tão pernicioso vício! Não, meu caro, Não! Você, Claudinho, que vive sozinho todos esses anos, viajando feito... bem... feito uma pessoa que viaja muito, você se tornou uma pessoa amarga, daí sua afeição pelo Meio Amargo!! Claudinho, vê se te enxerga! Enquanto você não se casar, esse mau o acompanhará por toda eternidade” Mas, Márcia... “Não tem mais nem menos mais! Acorde, Claudinho, acorde!”. Eu não desejaria isso – o discurso de Márcia – nem pra Marta – aquela da novela. O certo é que ontem, ali pelas tantas da noite – perambulando (cuidando do bem-estar da humanidade) passo em frente ao Bom Preço (24 horas). Não havia nenhum motivo para eu ir lá, confesso. Mas um formigamento teve início na altura do cotovelo esquerdo e se alastrou por todos os poros do meu corpo... Sabia que era o vício... macho que nem uma preá, não parei o carro, e segui em frente... mas o formigamento não me deixaria dormir... cedi. Voltei e comprei a bendita barra: R$ 3,99 (promoção). No carro mesmo metade da barra se foi. Chegando em casa, abro a porta, tiro a roupa, tomo banho, jogo a metade faltante próximo ao travesseiro inexistente... olho para o brilho luminoso do invólucro e digo a mim mesmo: “Não caso, Márcia, nem a pau!”.

20 de dezembro de 2006

“Dotô...”

Paínho nunca foi com a cara do Agnaldo Timóteo. Nunca. E essa aversão tinha motivo. Justo motivo. Maínha, se soubesse que o Agnaldo iria cantar em algum programa de TV, deixava qualquer atividade de natureza operacional (retaguarda dos processos culinários) para assistir. Ali, sentada, embevecida, acompanhava o velho Tima, cantando com ele as velhas canções: “Se, algum dia, à minha terra eu voltar...”, ou “Mamãe, estou tão feliz porque voltei pra você”, ou ainda “A luz do cabaré já se apagou em mim”, ou ainda “Mas eu falo bem baixinho, e não conto pra ninguém...”. Paínho, enciumado, amuava num canto ou ia para outro cômodo da casa. Sim, paínho tinha ciúme do negão. Faça-se justiça: aquele vozerão, o porte de galã, um bando de pulseiras de prata, camisas quadriculadas doutrora, cabelo black power, e calça boca de sino e o sotaque carioca – era o kit básico de encantamento nos anos 60. Pois é. É evidente que maínha, mulher dada à música – herança de meus antepassados afro-descendentes – estava envolvida pelas belas melodias (luxuosamente acompanhadas de belíssimas letras) que – por acaso – eram cantadas pela figura dotada do kit supramencionado. Pois é. Pra paínho não tinha essa de gostar da arte do bendito. Paínho tinha, sim, ciúme do Agnaldo Timóteo, e pronto. Talvez, se paínha soubesse do que eu sei, ele poderia chegar para maínha – ironicamente – e dizer: “Jovita, tá vendo essa pose de machão? Depois eu te conto a biografia do rapaz!”. E se afastaria com um indisfarçável sorriso de satisfação. Pois é. Fosse hoje, e ele poderia usar o bordão do Severino Quebra-galho: “Dotô... “

Pétala por Pétala

Há alguns amigos que não vejo há algum tempo. Um deles é Jair Heleno. Devo a Jair muito do pouco que sei de cinema. Assistimos juntos aos clássicos do cinema mundial. Juntos vimos o lançamento de Lendas da Paixão. E foi por causa dele que peguei a mania de ver um filme divesas vezes. Filmes como Cinema Paradiso, Gêmeos - Mórbida Semelhança, Perfume de Mulher, Um Estranho no Ninho, O Silêncio dos Inocentes, Pulp Fiction – Tempo de Violência, etc. Também devo a Jair um bando de traduções de canções americanas. Na janela do décimo andar do prédio do INSS (aquele que pegou fogo), filosofávamos sobre tudo e ele sempre me dizia que a garota que eu estava de olho não tinha a menor graça. Neste ponto, Jair estava enganado. Mas o que devo mesmo ao Heleno é uma lembrancinha que ele me deu há 10 anos. Jair tinha feito uma viagem a Recife e lá foi ver o show de um sujeito exótico até então desconhecido. Um tal de Chico César. Quando ele ouviu, disse: "O Cláudio vai adorar!". Comprou a fita (sim, fita) e me presenteou. Na fita, pérolas do Chico César, do tipo: "Mulher, eu sei", "Onde Estará o Meu Amor", "Mama África", "Templo", "Clandestino", etc. Deliciei-me com o presente. Passados 10 anos, Chico César ainda povoa o repertório de minhas canções prediletas. Não vejo meu amigo há algum tempo, e nunca mais fui às badaladas festas de aniversário dele. Mas é bom que ele saiba que o Chico César compôs, muito recentemente, "Pétala por Pétala". Uma belíssima letra, deitada no berço de uma esplêndida melodia. Quando eu me encontrar com ele de novo, direi pra ele que pode se enganar novamente.

19 de dezembro de 2006

Capilaridades

Andei fazendo estudos acerca de depilação à base de cera quente. No final de janeiro, quando minha barba deverá estar suficientemente grande, devo me submeter a essa tortura. Na verdade, não estou com medo. Estou desesperado. Todos os sites que consulto dizem que há uma série de elementos preliminares (sem maldade, pessoal) que atenuam a dor; mas acrescentam: "dói". Esse "dói" é que dói em mim. Sei que posso terminar meus dias sobre a face da terra sem ter que passar por essa, afinal de contas: prestobarba e similares hão aos montes em qualquer boteco. Mas... não, não é masoquismo. É que uma voz do além me diz: "Você está predestinado a fazer esse sacrifício, meu filho!!" (isso numa voz de trovão por trás de nuvens escuras e densas). Além da voz do trovão, esse sofrimento de alguns minutos poupar-me-á de barbear-me por uns bons 20 dias (para um baiano, isso signifique um rito a menos no seu dia-a-dia). Depois, deixo a barba crescer novamente, fico com aspecto de morador do viaduto Airton Senna (eis a pior parte) e, novamente, cera quente. Dentro de alguns anos, direi para meu sobrinho Tim: "Deixa de tu cê medroso, muleque! Vai! E não faça essa cara de Luiz Cláudio em janeiro de 2007!!!"

Incrédulos!!!

Se eu contar, vocês vão dizer que é mentira. Então, não falo. Pronto.

Matrix ou Platão para Iniciantes

Aprendi a nadar em 7 minutos e 23 segundos.

Pode parecer bobagem pra muita gente. Pra mim é uma vitória. Eu, que na adolescência morei à beira do Rio Corrente e, logo após, no mar de Salvador, nunca aprendi a nadar. Fábio, Maurício e Petrônio - meus irmãos - sempre me humilharam por isso. Era com inveja que eu os via atravessar o rio (coisa de 100 metros nada rasos) com a mesma facilidade com que eu me debatia em meio metro de água doce.

Mas sábado, ali pelas 7 da manhã, na praia de Ondina, comecei a me lembrar de Lair Ribeiro, do Keanu Reeves e de Platão.

Já sei: "Luiz, que que tem uma coisa a ver com outra?!" Posso falar?!

Bem, um chip colocado no bendito do Reeves, fê-lo lutar Jiu Jitsu; coisa que ele nunca praticou. Lair Ribeiro, baseado em teorias evidentemente orientais, diz que, se você disser pra si mesmo que pode, você pode. Platão, lá atrás, asseverava que nós não aprendemos, lembramos.

Bem, o mar em Ondina, por conta de alguns arrecifes, criou umas piscinas naturais onde idosos e gente da minha raça (que não sabe nadar) se infiltra. Ciente de minha deficiência natatória, é lá que me alojo, humildemente envergonhado, já que um bando de moleques de oito anos, se deixar, vão até a África nadando sem nenhuma dificuldade.

Pois bem. Afastei-me da margem cerca de 50 metros. E disse a mim mesmo: "Eu sei".

Crede-me: eu nadei.

E nado.

Sentinela

Nas noites em que não durmo - e são muitas estas noites - sinto-me meio que responsável pelo sono da humanidade (pelo menos pela humanidade ao alcance de minha janela). Velo por ela.

Ontem, por exemplo, fiquei deveras aborrecido com um motociclista que, às 3 da manhã, arranhou o vinil celeste que tocava "o silêncio da madrugada de dezembro" com seu barulho sem fim. Ora essa! Será que ele não vê que Toinha, minha vizinha do 203, levanta às 06:00 h?!!

Iniciando Cem Fins Lucrativos

Diversos são os pensamentos e comentários que tenho e faço com amigos e familiares. Eles normalmente são fruto de u´a mente um tanto quanto ociosa. Ocorre que muitos deles não levam a absolutamente lugar nenhum, ou levam ao nada absoluto. Destino de tudo e de todos.

Já os meus pensamentos graves, aqueles que utilizo para "desenvolver meu ofício no Ministério", são tidos como de relevante utilidade para a sociedade: os relatórios, os pareceres, as exposiçoes de motivos, as minutas e congêneres.

Os primeiros, os que não tem pé nem cabeça, funcionam como lazer para meu célebro inquieto. É pura diversão. Meu lucro está tão somente nisso: divertir meu cérebro. Considerando que penso umas cem vezes por dia, divagando sobre toda as efemérides possíveis, achei pertinente chamar o meu blog de Cem Fins Lucrativos. Particularmente, achei bem interessante, em que pese minha conhecida e popular e jactante humildade.

Assim, ai vai um primeiro comentário inútil mas com um fim lucrativo para este que vos fala.