Vou contar pra vocês uma história muito comovente e, ao mesmo tempo, muito comovedora, que vai lhes causar profunda comoção. Ocorreu comigo e envolveu a minha própria vida. É tão comovedora que acho que não vou contar. Não vou contar! Não vou contar! Não vou contar! Vou contar!!. Quando contava meus dois anos – não faz tanto tempo assim, Nelson! – fui acometido de uma inigualável infecção. Morávamos em Guanambi, na Bahia. Algo que comi promoveu um transtorno mortal no meu sistema digestivo – e em sistemas outros da vizinhança gástrica. Emagreci o suficiente para que todos aqueles que iam visitar o “Filho doente de Jovita” olhassem-me com um quê de pêsames prematuro. Entravam no quarto, viam-me na cama (pele e osso), imóvel, o olhar perdido num outro infinito, balançavam a cabeça e saíam, fúnebres. Mentalmente, entoavam: “segura na mão de Deus...”. Claro que não me lembro disso. Sei dos detalhes por conta de depoimento de terceiros. O certo é que, no hospital, o médico dissera á minha mãe que era inútil ela insistir que eu fosse internado. Desenganara-me. E, meio que na brincadeira, comentara: “Liga não, a senhora já tem quatro filhos”, deixando subentender – brincando, é evidente – que um a menos não faria tanta diferença. Mal ele terminou a frase, e seu pescoço foi envolvido pelas garras de minha mãe, ofendida até a alma com o comentário insano; foi salvo pela intervenção de painho, que nem sempre foi misericordioso nas questões de família (Leiam Deus é Amor). Feitos os pedidos de desculpas, e dadas as desculpas, meus pais voltaram para casa, tendo, nos braços, Claudinho.Oh! (eu avisei a vocês que seria comovente e, ao mesmo tempo, comovedor). Movidos pela certeza de que eu tinha salvação – e de que, fatalmente, me tornaria uma figura ilustre no cenário brasileiro – resolveram mudar para outra cidade, cujo clima era mais frio. Fizeram-no. Salvaram-me da morte. Só não me salvaram da religiosa necessidade de visitar o banheiro, por força de os mecanismos internos de que disponho para processar o que quer que seja ficaram com defeitos. De modo que, posso assegurar, um terço de minha biografia se dá dentro de sanitários. Ao longo do tempo, alcancei certa técnica em assuntos de caráter sanitários. Ler no banheiro é um deles. Não sei quando começou tal hábito, mas já o praticava na Av. Sergipe, 615. Lembro-me, nitidamente, de quando, sentado, concluí o Primo Basílio. Lá fora, usuários do mesmo sanitário gritavam impropérios por conta de minha demora. Era Márcia. “Claudinho, falta muito?” A pergunta tinha óbvio e intencional duplo sentido. Nesta época, cometia pecado que hoje não mais pratico: ler romance no banheiro. No banheiro, deve-se ler somente o seguinte: poesia (exceto Fernando Pessoa, já que alguns de seus poemas são imensos), crônicas, contos, frases, dicionários (ainda que grandes), revistas, etc. Ou seja, leia aquilo que pode ser consumido rapidamente. Deixe sempre algum livro no banheiro. Há momentos em que a urgência o impedirá de ir à estante e selecionar o que vai ler. Hoje, por exemplo, tenho no banheiro quatro obras: Eu, do Augusto do Anjos, Tempo de Contar, do Joel Silveira, Correspondências, da Elizabet Bishop e Livro do Desassossego, do Fernando Pessoa. Vez por outra, elejo outro autor para compor a biblio-wc. Tome cuidado, leituras muito instigantes em geral resultam em fracasso nos seus intentos biológicos. Não leia nunca revistas como: Ti Ti Ti, Contigo e Quem. Nunca. Mas, se já o faz, paciência. Vire-se com sua prisão de ventre. Jornais, não os leia no banheiro. No máximo, destaque o caderno de cultura ou o de Cidade. Nunca leve relatórios de trabalho. Esses você pode ler em qualquer lugar sem ser acusado de desocupado. Vá por mim. Caso você queira saber qual a causa que levam algumas pessoas a ler no banheiro, eu explico. Posso não saber muita coisa, mas isso eu sei. As razões, claro, são psicológicas e sociológicas. Exemplos: Quem lê fora do banheiro, terá a certeza de que fatalmente será interrompido. “Tá lendo o quê?” Daí em diante, babau leitura. Quem lê fora do banheiro tem a sutil sensação que poderia estar fazendo algo mais útil, e sua consciência o impede do deleite da leitura, porque, com certeza, haverá algo a fazer e, com certeza, haverá alguém pra dizer: “Tanta coisa pra fazer e ele lendo, esse verme!”. Quem lê fora do banheiro está permanentemente à procura de uma posição cômoda, e nunca acha. Enfim, poderia discorrer infinitamente sobre as causas íntimas para o hábito de ler no banheiro, mas esse não é o melhor momento nem lugar. Talvez publique um livro somente sobre o tema. Penso até em patentear a idéia de as editoras publicarem livros à prova dágua. Pensem! Ler no chuveiro! Seria a glória! Teria muito mais a exortar-vos acerca de tão importante tema, mas já são três da manhã e, nesse final de semana, vou para Itaparica. Vou dormir, portanto. Antes, porém, vou tomar banho e... Fernando Sabino (A Falta que Ela me faz - crônicas).Para Nelson
Não de mim, mas do logos tendo ouvido é sábio homologar tudo é um. HIPÓLITO, Refutação, IX, 9.
27 de janeiro de 2007
Exortações Sanitárias
“Eu tô sem raiva!”
26 de janeiro de 2007
Metafísica ou Saudosismo?
Não sei precisar em qual de minhas encarnações fui monge, mas posso dizer que fui contemporâneo de São Francisco de Assis e, como ele, travei grandes lutas em busca da paz entre os homens. Participei, em outras vidas, de outras tantas aventuras históricas, todas elas ocorridas dentro da atmosfera bélica predominante na Idade Média. E, não obstante esse ambiente de guerras, eu sempre estive em algum ponto onde a meditação e a contrição e a oração e reflexão e predominavam. Fernando Pessoa, quando nos reunimos a primeira vez para discutir sobre o budismo, disse-me, de modo amável, mas ao mesmo tempo cruel, que meu budismo é o budismo da indiferença, da ausência, da falta de emoção, da inapetência. Ele disse mais uma série de sinônimos, que hoje, passadas tantas décadas, não me recordo. Não quis contender já que, na época, morria nosso amigo Sá Carneiro. Mas ele não perde por esperar, aquele magricela de uma figa!. Pois bem. Nesta minha vida atual, como que por uma imposição do cosmo, passei minha infância e adolescência circundado pelos sagrados ofícios, pela liturgia cristã. Durante anos, clarinetista (de mediana técnica), compondo uma orquestra sacra, ajudei a embalar as almas que, naqueles templos de outrora, freqüentavam os cultos. O rito era sempre o mesmo. Ei-lo. Em torno das 19:00 horas, a orquestra se posiciona: são clarinetes, violinos, saxofones, bombardinos, trombones, trompetes. Afinadas as vozes, entoam, baixinho, algumas peças do hinário, enquanto os fiéis vão chegando e se acomodando nos bancos de madeira. Silêncio. Muito silêncio. Muitos chegam mais cedo. Estão em comunhão. Meditam. Pacificam suas almas. Absorvem a atmosfera de paz que a igreja irradia. Como de praxe, a maioria dos irmãos vestem-se formalmente. Paletó, gravata, etc. As irmãs, saia e véu. O silêncio às vezes é interrompido por espontâneos "Glória a Deus!", que saem da garganta impelidos por uma espécie de desafogo, uma espécie de constatação absolutista. Silêncio. Às 19:30, pontualmente, um dos ministros dá início ao culto, dizendo: "Deus seja Louvado!". Todos, de pé, dizem: "Amém". Em nome de Cristo, dá início à liturgia, que principia com a entoação de três hinos, sugeridos pela irmandade. Cada cântico é antecedido de uma breve introdução, que permitirá à congregação verificar: tonalidade e o andamento da peça sacra. Cantados os hinos, o ministro convida a todos para a primeira das duas orações da noite. Todos se ajoelham e glorificam. Um dos irmãos, voluntariamente, inicia, em solo, a orar. Concluída a oração, todos se sentam. O ministro abre espaços para aqueles que queira testemunhar à igreja bênçãos recebidas. Findos os testemunhos, é aberto o espaço para o momento mais aguardado: a pregação da palavra, que consiste na leitura de um trecho bíblico, seguindo-se a sua exortação. Terminada a pregação, o ministro convida a todos para a última oração. Terminada a oração, todos ficam de pé para entoar o último hino. O ministro, em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, encerra o culto. Os fies se despedem, e vão para suas casas. A orquestra, enquanto a irmandade sai do templo, toca o último hino, pano de fundo melódico para as manifestações fraternas entre os membros do corpo de Cristo. Dia desses, para me contrariar postumamente, releio a obra do Fernando Pessoa, onde estava o seguinte trecho: Não acredito em Deus porque nunca o vi. Se ele quisesse que eu acreditasse nele, sem dúvida que viria falar comigo E entraria pela minha porta dentro, dizendo-me, Aqui estou! (Isto é talvez ridículo aos ouvidos de quem, por não saber o que é olhar para as cousas, não compreende quem fala delas com o modo de falar que reparar para elas ensina). Mas se Deus é as flores e as árvores e os montes e sol e o luar, e então acredito nele, então acredito nele a toda a hora, e a minha vida é toda uma oração e uma missa, e uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos. Mas se Deus é as árvores e as flores e os montes e o luar e o sol, para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar; porque, se ele se fez, para eu o ver, sol e luar e flores e árvores e montes, se ele me aparece como sendo árvores e montes e luar e sol e flores, é que ele quer que eu o conheça como árvores e montes e flores e luar e sol. E por isso eu obedeço-lhe (que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?), obedeço-lhe a viver, espontaneamente, como quem abre os olhos e vê, e chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes, e amo-o sem pensar nele, e penso-o vendo e ouvindo, e ando com ele a toda a hora. A próxima vez que eu estiver o Fernando, vou dizer pra ele que está em jogo não é um Deus para chamar de seu. O que importa mesmo, o que de fato é relevante é não é encontrar Deus, é me achar. Por isso, na próxima vez que for tocar numa igreja, vou sugerir Paulinho da Viola. Vejam o que ele diz numa de suas canções: Pra se entender, tem que se achar; que a vida não é só isso que se vê, é um pouco mais: que os olhos não conseguem perceber, e as mãos não ousam tocar, e os pés recusam pisar. Sei lá, não sei. Sei lá, não sei não.Para Paulinho Dagumé, obviamente!
24 de janeiro de 2007
Simplesmente atravessei...
21 de janeiro de 2007
Tô doido! Tô doido! Tô Doido!
19 de janeiro de 2007
Lua
Não sei quantas vezes fiz o percurso Plano Piloto – Taguatinga, indo pela Estrutural. Quem conhece Brasília, sabe que há dois caminhos que conduzem às Satélites: a Estrada Parque e a Estrutural. Em meados de 1993, quando trabalhada na Caixa Econômica (Setor Bancário Sul), terminava o expediente, ia andando para a Rodoviária. Lá, ia à banca de revistas do segundo piso, lia todas as fofocas da semana, descia. Estando com fome (em geral, estava), mandava ver num caldo de cana luxuosamente acompanhado por dois pastéis de queijo (trio da Pastelaria Viçosa). A propósito da Viçosa, tenho uma tristeza para contar: sempre fiz o percurso da Estrutural lendo, já que é uma viagem. Num determinado dia, enquanto tomava o caldo de cana, lia o Livro do Desassossego, do Fernando Pessoa. Uma garota, que estava ao meu lado, aproximou-se, interrompendo a leitura com um pergunta: ”Você não se deprime lendo essa obra?” A pergunta, feita a queima-roupa, me obrigou a responder de pronto: “Não, não deprime, pelo contrário.” Ela me disse que estudara a obra do Pessoa e que aquele livro especificamente a deixara pra baixo. Eu, besta que sou, deixei que a moça fosse embora sem obter dela telefone ou endereço. Nunca mais vou vê-la. Hoje, me pergunto: E se aquela fosse a mulher da minha vida? E se Pessoa tivesse sido colocado entre nós para ser o elo entre duas pessoas? E se estava escrito que a depressão dela, somada à minha satisfação, resultasse numa alegria estética? Lamento profundamente ter sido tão besta. Foi meu primeiro pecado. Terminei de beber o caldo. Dali, seguia para a plataforma da esquerda, onde estão as linhas de ônibus que vão pela estrutural. Sempre preferi pegar o ônibus após as sete, quando é possível ir sentado e ler. Foi numa dessas viagens que me aconteceu um dos momentos mais belos e poéticos numa viagem. Todos sabemos que as luzes das cidades ofuscam as luzes dos astros luminosos e iluminados. Ocorre que, naquela época, a Estrutural não tinha a iluminação que hoje tem. Era uma escuridão sem fim. Era noite de lua cheia. Assim que entramos na estrutural, o motorista resolveu apagar todas as luzes internas do ônibus. Meu primeiro ímpeto foi injuriar-me, já que, sem luz, não poderia ler. Mas qual não foi minha surpresa? Simplesmente dava pra ler com a luz da lua. Mas não foi só isso. Olhando pelo vidro, era possível ver tudo lá fora, como se fosse dia. Mais surpreso fiquei quando percebi que todos os passageiros, encantados, olhavam para o vidro, como que dizendo de si-para-si: “Putz!”. Em Brasília, passageiros de ônibus não são dados a entabular conversas. Cada um pega seu livro, jornal, apostila, revista, walk-man, ou dorme. Mas muito raramente se conversa. Naquele dia, era possível perceber a vontade de todos de comentarem a beleza daquela visão. Eu, que sempre fui cara de pau, disse, em voz alta: “Que coisa maravilhosa!”. Soou meio patético, mas eu não tava nem ai. Parei de ler e fiquei me perguntando: o que passara na cabeça do motorista? De duas, uma: ou ele era um incorrigível romântico ou um tremendo Caxias, capaz de apagar as luzes do ônibus por mera, inútil economia. Admiti a primeira opção. Tive a oportunidade de ir até a cabine e conversar com o motorista. Saber dele a verdade. Não fui. Foi meu segundo pecado. Por todo o percurso, fui me lembrando de canções que usaram a lua como base: “Lua de São Jorge, lua deslumbrante”; “Voa no céu, imensa e amarela, tão redonda a Lua...”; “A lua e eu....quando olho no espelho, estou ficando velho e acabado”; “Tomo um banho de lua, fico branca como a neve ...”;. Não, eu não cantei as músicas em voz alta, muito menos esta última! Mas quis...Para Daniel
17 de janeiro de 2007
Abacate
15 de janeiro de 2007
Vida
Vou morrer. Aos poucos, a idéia da morte vai se acomodando. Aos poucos,
saber-me efêmero vai se transformando numa constatação indolor. Aos poucos, por
uma certa aproximação – cumplicidade, ou co-gestão – com o processo criativo
universal (ok, chamai-o de Deus), meio que vou me convencendo de que também eu
estou submetido à grande regra: fenecer.Vou morrer. Olho para trás e vejo que as múltiplas, diversas e complexas perguntas feitas a mim mesmo e ao mundo ao meu redor começam a ser respondidas, não pela leitura dos filósofos, não pelo estudo da cultura oriental e de sua religião, não pela meditação, mas por mim mesmo, inconscientemente. Aos poucos, ao invés de obter respostas, subtraio perguntas. Aos poucos, toda a inquietação se transforma numa
confluência, coesão com o todo. Aos poucos, a Verdade, que busquei, me busca.
Aos poucos, a resposta, tantas vezes escorregadia, enrosca-se em meu pescoço,
cachecol em linha de tricô.Vou morrer. E me irmano com meus ídolos. Dentro em breve – para a história, o que são 100 anos? – Dentro em breve estarei com Ele. Mas Ele já está comigo. Dentro em breve, deixo de ser protagonista, exclusivista, egoísta, narcisista, para ser tudo, todos, total. Dentro em breve, esta sensação de agora – nirvana, é a sensação - vai consumir-me todo, vai envolver-me todo, e todo me fará viver.
Vou morrer. E só agora, quando deixo de lado toda a seriedade, é que vejo o quanto essa brincadeira é séria. Só agora, pleno, posso revoltar-me, encolerizar-me, reivindicar, gritar, humanizando-me, emocionando-me, permitindo-me, ignorando-me. Só agora, “onde vês eu não vislumbro razão”.
Vou morrer. E já formulo – data vênia, Senhor Deus – uma revisão no modelo operacional em uso no universo. Algumas leis universais merecem ajustes, adendos, emendas. Talvez burocratize um pouco, mas alguns ritos podem ser sistematizados, sem prejuízo algum à idéia central da Criação.
Vou morrer. E só agora, quando completo 36 anos, vejo que faço 35. Em janeiro de 2008, hei de completar 34. Nesse ritmo, em 2042 volto a sonhar.
Vou morrer. Vou me deitar no colchão macio da Verdade e dormir profundamente. E vou sonhar com a nova Vida que me espera, e me preparar para minha segunda morte, para acordar para uma nova vida, e me preparar para minha terceira morte, para acordar para uma nova vida, e me preparar para minha quarta morte, para acordar para uma nova vida, e me preparar para...
13 de janeiro de 2007
Felicidade
10 de janeiro de 2007
O Fogo do Inferno
5 de janeiro de 2007
VUCU VUCU!
SUPERAÇÃO: Eu quero pedir ao Sr' Dr" Editor do Blog, que se supere e reúna, olho no olho, os participantes desse blog. Seria um vucuvucu sem tamanho...
POSICIONAMENTO INICIAL DA BLOGUEIRA HELENA: Até quando certos tipos de homens vão concordar com Vandinha? Tudo solto mesmo.... mas até quando? Valorizar atributos femininos que não duram muito tempo: tudo em cima para poder ficar solto, é bem coisa de homem machista. Mas me contem, de quantas Vandinhas é feita uma mulher? Uma mulher bonita pode parar o trânsito e provocar acidente sem estar "com tudo solto", é o tipo de mulher que chama atenção pelo que é e, inevitávelmente, os machistas se rendem aos seus atributos que manam de sua postura, sem perceber que os mesmos atributos encontrados em Vandinha ficaram pra depois. As mulheres são as primeiras a se desvalorizarem, usando esse tipo de apelo para chamarem atenção, tranformam-se apenas num objeto, uma nada descartável... simplesmente desvalorizada.
RÉPLICA DO BLOGUEIRO FÁBIO: Minha cara Helena, não me queira mal, que eu só sei querer bem, mas promovamos, juntos, uma reflexão sem fins lucrativos: não seria Vandinha mais uma portadora permanente dos grandes carnavais da libido? Não representaria Vandinha - e como diria Milan Kundera, "furai os olhos da Morena, murchai os peitos da morena" - a categoria feminina que traz consigo os
instintos mais viscerais da Era Mesozóica? Para mim, que não me situo entre os
machistas puro-sangue, Vandinha precisa ser diariamente exaltada porque
desprovida das neuroses que tornam as relações humanas convalescentes...
Vandinha resgata em mim os aspectos menos hostis de minha existência, ela faz
brotar em mim o sentido do grande vão que é existir e de como nós chafurdamos
nossa cara na lama em busca de ilusões desconexas. Quero louvar Vandinha e dizer
que ela movimenta a economia da capital baiana quando promove desastres que
culminam na boa vida financeira das oficinas, dos setores de seguro... Além, é
claro, dosa componentes audiovisuais...TRÉPLICA DA BLOGUEIRA HELENA: Meu adorado Fábio, eu só acho que a valorização feminina por seus atributos, um vazio que provém daqueles que não conhecem uma mulher de verdade, afinal, o que hoje pode ficar tudo solto, logo logo não vai estar mais assim tão em cima para que fiquem soltos, e ai? O que as próprias mulheres que se prestam a esse tipo de papel desvalorizante vão ter de bom? Eu só acho que há uma grande desvalorização feminina, e sou obrigada a reconhecer que a culpa disso é nossa mesmo... Sinto-me ultrajada com certos comentários que fazem a respeito de nós, da forma com que se referem ao nosso corpo. Só mais uma vez eu repito: a culpa é nossa mesmo, por sermos tão coniventes e fúteis e vazias, na maioria das vezes. E outra coisa, seu comentário, nasceu machista desde seu subconsciente... Você é um machista nato. E, a propósito, quero ser para você como um reflexo no espelho... só me queira bem!
4 de janeiro de 2007
Deus é Amor
O Cabo das Tormentas
Quando meu amigo Tito Lívio me convidou para passar uma semana na Península de Maraú, no extremo-sul da Bahia, eu já havia chegado a outro extremo: o de querer fugir de minha própria casa. Celeste era um espetáculo de mulher. Bonita, bem informada, um arsenal ambulante de regras de etiqueta. Mas sofria horrores, de si para si, por não ter concluído o segundo grau – e (cá entre nós) acho que o primeiro ela também não concluíra. Acho. Mas isso é irrelevante.
Celeste chegou em minha casa por solicitação de minha tia, que me assegurara, mãos erguidas aos céus (para obtenção da cumplicidade divina), tratar-se de moça de boa índole e que, por razões de saúde, deveria fazer caminhadas diárias na areia da praia, para ajustar a curvatura inferior dos pés. Dizia minha tia: Meu filho, você vive viajando. Não pára em casa. Deixa ela ficar em seu apartamento, só por uns dois meses... Só hoje, que olho para retrovisor de minha vida, posso ver que, por trás daquele pedido, havia um ardil para que o Sobrinho Viajador, afinal, se casasse. Era o que queria minha tia. Era o que queria minha mãe. Era o que queria Celeste. Mas, definitivamente, não era o que eu queria. Muito menos com Celeste, é bom que se diga.
Celeste, aquele espetáculo de mulher, que, sem que eu pedisse, tratava com esmero megalomaníaco minha casa, que enfileirava meus livros com régua, que reagia militarmente a qualquer presença de pó nós móveis, que – vejam vocês a que ponto se chega – olhava com um esgar de repugnância quando, porventura, eu saía com uma calça jeans com a barra desfiada, que, suposta esposa amada e dedicada, aguardava-me para o jantar, que, definitivamente, tomara posse. Lá pela quinta semana de convivência (período em que, coincidentemente, não viajei), por mais casto, puro, respeitador, honesto e probo que tivesse me comportado durante aqueles dias de matrimônio compulsório, ei-la que, vendo-me deitado em minha cama, lendo, faz a clássica pergunta: Você se importa se eu me sentar na sua cama? Pensei em fazer-me de desentendido, fingir ser eunuco, tratá-la como irmã (ou prima), ler para ela trechos do livro que tinha à mão, enfim, dar uma de joão-sem-braço. Mas, seja por minha iniciativa, seja pela dela, eu estava diante do inevitável. E cedi. Cedi durante cerca de oito meses. Durante oito meses, sem amar (porque eu não a amava), fui amado por Celeste, e fui tratado como seu (no que há de mais possessivo nesse pronome). Amando-me, ela deixou vir à tona todos os esperados comportamentos de esposas possessivas (ainda que compulsórias): ciúmes, controle sobre a vítima, controle sobre o que a vítima come, veste, lê, pensa, faz, não faz, desfaz, refaz. E, para meu espanto, houve um declínio algo preocupante no requinte com que se punha à mesa. Como fora enfermeira em outras eras, brindava-me, no almoço ou no jantar, com a narração realista, pungente e cruel do histórico hospitalar de todos os pacientes a que assistira. Invariavelmente, tais narrativas iniciavam-se tão logo erguia a primeira porção de comida à fome. E lá vinha ela: Quando eu estava no quinto mês de estágio no Hospital Roberto Santos, fui cuidar de dona Eulália, que tinha... Desse tinha em diante, por cerca de uma hora, ela me trazia para a mesa a visão clarividente de dona Eulália, cardíaca, de seu Jérson, Relojoeiro, de seu Paulo, aposentado, de Virgínia, a acidentada, de Magno, sifilítico, de Vicente, cobrador de ônibus; enfim: o elenco era maior que o número de figurantes d´A Paixão de Cristo, e suas enfermidades nem mesmo Almodóvar poderia vislumbrar sem um quê de pia compaixão. Esses e outros atributos (dos quais vos poupo) davam ao conjunto da obra uma moldura trágica. E eu precisava fugir, antes que completasse nove meses de relacionamento. E fugir antes que, valha-me Deus!, um rebento, o sangue do meu sangue, viesse compor a tríade surrealista. Foi nessa época que meu amigo Tito Lívio, de férias, iria passar uns dias num paraíso no sul de minha terra. Luiz, dizia-me Tito, vamos eu, a Ísis, minha sogra e a família de minha cunhada passar uns dias a ver o vento despentear os cabelos dos coqueiros. Venha você e sua... namorada... Fui. Sem Celeste. Criei todas as condições necessárias para que ela não fosse. Mas ao fim, cinicamente: Oh!, Celeste, sinto tanto que você não possa ir. Você sabe o quanto me é cara a sua presença! E emiti mais uns três ou quatro “Oh!”. Para quem não conhece, a Península de Maraú é um paraíso. E, por isso mesmo, chegar lá é uma via crucis: Deixa-se o carro na cidade de Camamu, pega-se um barco que, em uma hora e meia, nos deixa em Maraú. Dali, pega-se uma jardineira até o extremo leste da península. Lá, diante do mar, algumas pousadas aglomeradas formam a única visão da presença de civilização no local. Pronto. No mais, ler, contemplar as ondas, mergulhar, comer peixe, meditar, tocar violão, observar os cardumes coloridos, e, à noite, o luar. Passados alguns dias e algumas noites, aquela rotina de paz – um breve intervalo em minha rotina de infernal claudicância –, se, de uma lado, era um alento, de outro, provocara uma espécie de estupor em mim, abrupta que fora a fuga e drástica que estava sendo a mudança de ares. - Tito, vou embora. - Homem de Deus! - Tenho compromissos inadiáveis. - Mas homem de Deus!Naquele fim de tarde, depois de muitas partidas de frescobol, Tito, ainda incrédulo de minha... partida, explicou-me: Antônio, o barco sai de Maraú, às 07:00 da manhã, para Camamu. Não haverá jardineira que posso levá-lo até lá. Logo, você terá de levantar-se às 04:00 (03:00, considerando o horário de verão), caminhar pela praia até o extremo norte da península e, lá, pegar o barco. Considerando que sua mochila pesa 5 quilos, a caminhada na areia da praia, por três horas, fa-la-á pesar 30. Mas como seu compromisso é... inadiável.. Naquela noite, jantamos e jogamos conversa fora. Levantei-me no horário previsto, despertado pelo Tito. Peguei a mochila, despedi-me dele e da Ísis, e saí porta fora. Qual não foi minha grata e poética surpresa?! À minha frente, uma constelação contracenava com a lua cheia, sobre o mar, que mugia alto no silêncio ensurdecedor daquela madrugada. Parei por um instante e lamentei estar sozinho e não ter com quem compartilhar aquele outro espetáculo. Caminhei alguns metros tendo, à minha esquerda, a relva e os coqueiros – visíveis somente pela luz tênue da lua –, e, à minha direita, o mar –, visível apenas pelas espumas das ondas da maré alta e pelos íris da luz nas ondas. E, no horizonte, como quem olha uma bola de futebol no campo, a lua. Depois de andar por três minutos, a luz da pousada já estava distante, e, daí em diante, só nas proximidades de Maraú é que encontraria alma vivente. Depois de 10 minutos, minha imaginação começou a transformar o espetáculo poético no mais amedrontador dos filmes. Primeiro que o barulho do mar fazia-me crer que, a qualquer momento, um monstro gigante viria à tona e me engoliria, conduzindo-me, como a Jonas, para as profundezas do mar. Segundo que a lua, outrora bilaquiana, tornara-se um astro de dimensões colossais, um Olho Gigantesco do Universo que me acompanhava. Terceiro que, à minha esquerda, a selva poderia produzir (assim eu imaginava) uma alimária perversa, com presas de mamute, que me faria correr em desespero para o mar, onde encontraria o Monstro das Profundezas. Depois de 20 minutos, já estava assombrado comigo mesmo. Eu, minúsculo ser, sob a mira do Olho Gigantesco do Universo, oprimido pelo mar sem fim, pela selva selvagem, e pelo barulho do mar. Decidi que deveria voltar à pousada já que faltavam duas horas e meia de caminhada. Mas, brioso, mudei de idéia e dei continuidade à tortuosa, amedrontadora caminhada. Ali pelas 6 horas – quando todos os pensamentos malévolos já tinham feito pousada em minha cabeça, quando todos os arrepios já me tinham acometido, quando a profecia do Tito Lívio relativa ao peso de minha mochila se cumpria, quando o Olho Gigantesco do Universo já ia mais alto (e me oprimia) –, olho para trás, por sobre o ombro esquerdo, e pude ter o vislumbre – só o vislumbre – de algo que se movia no mesmo rumo que eu, mas que, pelo escuridão que nos circundava, impossível distinguir se era a Alimária Com Presas de Mamute, se o Monstro das Profundezas do Mar, se um Emissário das Trevas Profundas ou se, tão somente, uma criação de minha mente assustada, terrivelmente assustada. Pensei em jogar a mochila e sair correndo. Mas, pensei melhor, se for o que estou pensando, correr será em vão. Mudei de idéia. Brioso, disse: Boa noite!. Mas disse-o com timbre de voz alto (e trêmulo), iludido pela idéia de que poderia assombrar a assombração. Não houve resposta. Mais à frente, quando eu já me preparava para desmaiar, a assombração disse: A maré está alta! Deus. Quase que grito por minha mãe, por Deus, por Jesus. Não desejo nem a Osama Bin Ladem tamanho sofrimento. A maré está alta! Era isso que retumbava em meu ouvido. Acalmei-me quando veio a pergunta: Tá indo pra Maraú?. - Tô – monossilabicamente trêmulo. - Também. Mora aqui? - Não – monossilabicamente trêmulo.
- Vai pegar o barco pra Camamu? - Vô – monossilabicamente trêmulo. - A maré tá alta, né?!
- Tá – monossilabicamente trêmulo. Para minha alegria, à minha direita, as nuvens no horizonte foram parcialmente iluminadas pelos raios do sol, que ainda não despontara. Só isso,
só essa certeza de que o sol estava vindo, deu-me alento suficiente para
enfrentar a assombração que, diga-se de passagem, era bem cordial. Tomei coragem
e perguntei de onde era. Ele (ou ela) disse-me que os pais tinham terras na
região e que estava indo para Itabuna. Quando o sol tomou o lugar da lua, pude
ver o rosto da assombração. Era um rapaz de uns trinta anos, com uma mochila –
maior que a minha – às costas. Por orientação dele, pegamos um atalho por entre
os coqueiros, por onde chegaríamos mais rápido às embarcações. Às 06:55
estávamos sentados no barco, com mais algumas pessoas. Ele então olhou para mim
e disse:
- Qual seu nome?
- Antônio Tibúrcio.
- Posso lhe dizer uma coisa, Antônio.
- Sim.
- Eu nunca, nesses meus trinta anos, senti tanto medo na minha vida. Quando você disse “boa noite” daquele jeito, eu quase tive um troço. Por que você deu aquele grito tão... sei lá?.
Ele não precisava saber do que se passava comigo. E minha vaidade falou mais alto.
Chegamos em Camamu. Peguei um ônibus para Salvador e cheguei em casa. Joguei a mochila de 30 quilos no chão. Retirei os sapatos e fui ligar o som, quando percebi que haviam
cortado o fornecimento de energia durante minha viagem. Previ que, naquela
noite, iria enfrentar nova escuridão, o Olho Enciumado do Universo, o Monstro
das Profundezas da Alma, o Fantasmas do Espírito dos Vivos, e aguardar,
impaciente e trêmulo, pela aurora.
Teoria da Escala-Crística - Parte III
[Pergunta formulada pelo Dr. Charles Darwin, das Ilhas Galápagos] Dra. Dhanada, em princípio, formular qualquer pergunta sem ter lido seu artigo é sempre temerário, já que os elementos de que dispomos são somente suas respostas – em geral objetivas – às perguntas de leitores do jornal Radical News e do blog Cem Fins Lucrativos; espero, inclusive, que, o mais brevemente possível, venha a público o referido artigo, e só então poderemos, mais apropriadamente, nos posicionar (sic) no tocante (sic) ao tema introduzido (sic) por vossa senhoria. Seja como for, esclareça-me: Para que os membros do CCTC certificassem a Teoria da Escala-Crística, quanto de propina foi necessário? Qual a origem do dinheiro? Quem está por trás disso tudo, já que a senhora, pelo que se vê, não passa de inocente útil? Que interesses estão em jogo para que teoria tão infundada e carente de qualquer racionalidade possa se transformar em parâmetro de medição de virilidade?. Dr. Darwin, antes de mais nada, saúdo-o. Conheço seu trabalho e sua história, que são exemplo de persistência e de árduo esforço. Vou responder às suas perguntas do final para o começo. O senhor qualifica a Teria da Escala-Crística de Infundada e carente de racionalidade. Quero aguçar sua memória, lembrando-o de que adjetivos muito, muito piores foram usados para qualificar a sua teoria da seleção natural. Não foram poucos os seus detratores; não foram poucos os que o ridicularizaram; não foram poucos aqueles que, partindo de premissas menores, julgaram-no demente. Quero crer, Dr. Darwin, que a leitura do nosso artigo e, quem sabe, a leitura do conjunto de papéis que o fundamentaram deva desanuviar qualquer dúvida ainda existente e, quem sabe?, ajudá-lo a melhor se posicionar (sic) quanto ao tema. Estranha-me, devo confessar, que o senhor prefira julgar-nos previamente a qualquer análise, negando-nos, ao menos, o benefício da dúvida. Quanto à acusação de que a certificação da Teoria da Escala-Crística junto ao Comitê de Certificação de Teorias Catastróficas-CCTC tenha sido obtida à custa de artifícios ilegais, saiba que vou processá-lo por essa injusta ilação. Tomara que a teoria da seleção natural, na qual acredito, dê cabo, o mais rápido possível, de gente de vossa espécie (a pior das espécies, é bom que se acresça).
[Pergunta formulada pela sexóloga, e membro (sic) do Partido dos Trabalhadores, Mata Hari] Dra. Cristina, sou leitora assídua do Cem Fins Lucrativos, cujos temas que levanta ora são inúteis, ora não tem nenhuma utilidade. Não obstante, fiquei deveras estupefata quando me deparei com o post que deu início a essa polêmica tão polêmica. Estou convencida (sic), sem que para tanto necessite aprofundar-me no tema, de que a Teoria da Escala-Crística só vem certificar aquilo que até Verbênia, minha auxiliar, já apontava antes mesmo de eu pretender ser âncora do TV Mulher (antes, muito antes que qualquer coisa). Nunca neste país (sic) uma teoria se aproximou tanto do pensamento popular (empírico, meu caro Watson). Nos arredores dessa teoria (corroborando-a, portanto) esteve gente como Sigmund Freud – em cuja obra há inúmeras passagens que validam a Teoria da Escala-Crística (exceto na Interpretação dos Sonhos, onde o que está em jogo é só polução, desperdício imenso de sêmen); gente como Maslow – em cuja Hierarquia das Necessidades, voluntária ou involuntariamente, se avizinha da sua Teoria; gente como Roger, do Ultraje a Rigor que, em duas canções, dá mais insumos à Teoria da Escala-Crísticas, são elas: "Eu gosto é de mulher" (... vou te contar o que me faz andar, se não é por mulher, não saio nem do lugar...) e "Sexo" que situa com precisão cirúrgica o fato sociológico: “Sexo, me dá sexo! Mas o que esta besta pensa que é pra decidir?!”; gente como Renato Russo – em cujas letras está a ratificação da vossa teoria; basta ouvir "Eu sei" (“... Sexo verbal não faz meu estilo, palavras são erros e os erros são seus”); gente como Charles Darwin, que, assim como a senhora, não foi reconhecido e quase foi apedrejado por conta de sua Teoria da Seleção Natural, coitado. É lá, na sua teoria da Seleção Natural, que Darwin, nos arredores do tema, quase chega ao ápice: “A Teoria da Escala-Crística”. Ele, onde quer que esteja, deve estar vibrando por saber que a senhora chegou àquele lugar que ele só pôde vislumbrar à distância, no distante horizonte do avanço científico. Poderia aqui citar outros tantos grandes nomes que, periférica e superficialmente, abordaram o tema, mas isso implicaria em dezenas de posts. Enfim, dito isso, pergunto: Eram os Deuses Assexuados?. Mata, permita-me a intimidade, é com um misto de alegria e orgulho e queijo que acolho sua pergunta. De fato, como já disse alguém antes de mim (sic), se cheguei aonde cheguei, é que estive apoiada no ombro de gigantes. Apoiamo-nos em diversos pensadores, desde Buda até Devana Babu, para chegarmos às conclusões que chegamos. Não queremos o mérito pela Teoria. Tais méritos, dividimo-los com todos aqueles que, periférica ou superficialmente, deram sua contribuição à Verdade que só agora, com a certificação da Teoria da Escala-Crística, vem a lume. Todos, portanto, foram instrumento usados pela evolução para que a humanidade, na altura de sua maturidade, chegasse onde chegou. Quanto à sua pergunta, respondo: Não, os deuses não eram assexuados. Todos eles dispunham das condições necessárias para a cópula. Ocorre que, sublimes e transcendentes e divinos e celestiais e etéreos e purpurínicos e exosféricos, não lhes apetecia o contato físico com as filhas de Athenas. Lá, no Olimpo, só havia a troca de, por assim dizer, “sensações” com uma ou outra Deusa. Há, como é sabido, uma narração detalhada de uma destas
trocas de, por assim dizer, sensações com Ísis (uma espécie de Vandinha da
Grécia Antiga), mas não gosto de comentar a vida dos outros. De novo, repito: os
Deus eram sexuados. Quanto ao Dr. Darwin, citado em sua pergunta, saiba que a
batata dele tá assando. Pouco me importa quem envernizou as baratas, eu quero é
a sobra de verniz para dar uma mão na porta do banheiro lá de casa.[Pergunta formulada por Anthony Burgess, escritor britânico, autor de Laranja Mecânica e Poderes Terrenos, entre diversos outros títulos] Dra. Dhanada, como a senhora sabe, sou autor da Teoria da Escala-Sangue-do-Meu-Sangue, onde demonstro os diversos graus galgados na prática do incesto. A escala aponta 5 níveis de incesto: Nível 1: sexo com a mãe/pai; nível 2: Sexo com irmãos/irmãs, Nível 3: sexo com tios/tias; nível 4: sexo com primos/primas em primeiro e segundo graus; nível 5: sexo com qualquer pessoa, já que todos somos irmãos perante-a-deus. A Teoria da Escala-Sangue-do-Meu-Sangue foi certificada há 5 anos, e – sim, é ciúme! – o Cem Fins Lucrativos não publicou nem mesmo uma nota de rodapé sobre o tema. Pergunto: Teve ou não teve jabá nisso tudo? Mr. Burgges, li Enderby por Dentro, li Poderes Terremos, li A Última Missão, li As últimas Notícias do Mundo, li Qualquer Ferro Velho, li O Pequeno Wilson e o Grande Deus, mas eu jamais soube de publicação sua acerca da Teoria da Escala-Sangue-do-Meu-Sangue. Nem nunca soube que a mesma tenha sido certificada pelo Comitê Certificador de Teorias Catastróficas-CCTC. Mas se o senhor está dizendo... Olha a faca!! Quanto à sua pergunta, digo-lhe que na mesma vara (sic) cível em que eu der entrada (sic) em ação contra o senhor Darwin hei de incluir vossa senhoria. Saiba o senhor que foi com espírito altruísta e comovedoramente sem fins lucrativos que o Editor do Cem Fins Lucrativos colocou à disposição sua ampla penetração (sic) em todas (sic) as escalas sociais para que a Teoria da Escala-Crística se fizesse conhecida e divulgada e propalada e pulverizada e notificada e fofocada. Devo reconhecer: Homem é Tudo Igual. Ide procurar Vandinha enquanto cata coquinho, seu Púria! Parcela Ínfima do Nada Absoluto!
Santinho de Cartomante Jogado ao Vento! Poeira Cósmica Rondando Saturno! Líquido Amniótico do Parto de Saddan! Sêmen de Polução! Resíduo das Sobras das Quebras dos Restos! Compilação de Piadas de Português! Paralelepípedo da Baixa dos Sapateiros! Orelhão Vandalizado da Telemar! Raio da Roda Traseira da Monarck de Paulinho! Processador do 286 Onde Tudo Começou! Perseguição Mentirosa em 007 (vá ver o filme e confira)!, Programação do SBT! Guardanapo do Motel Queen (Ah, gente, tem dó!)! Isca de Pescar Pacu! Mensagem de Erro do Windows 98! Pichações Sem Sentido Na Comercial Norte! Fita do Senhor do Bonfim Depois de Três Meses de Uso! Primeiras Edições de Sabrina e Bianca! Resíduo do Espirro do Meu Primo Sandro! Basta.[Pergunta formulada pelo Editor do Blog Cem Fins Lucrativos que, segundo ele, está no primeiro degrau da Escala-Crística] Dra. Cristina, diz-se que os suínos têm orgasmos que duram até 30 minutos. Tenho, inclusive, um amigo que divulga, por e-mail, um arquivo em power point para toda humanidade contendo informações acerca do tema. A lista de pessoas que, via ele, já receberam tal e-mail – e que já o encaminharam pra listas ultra-gigantes –, é ultra-gigante. Diniz, é o nome da impoluta figura. Pergunto: Em que fase da Escala-Crísticas estão os Controladores de Vôos? Ou estou voando? Caro Editor, ignorando totalmente sua pergunta e o comentaria suíno, peço-lhe que publique, o mais rápido possível, nosso artigo Evidenciando o Evidente: É Isso Mesmo e Pronto!, a fim de que todos possam conhecer a Verdade, que a todos Libertará do Jugo pesado da Plena Ignorância. E, a propósito, parabéns pela passagem de anos (sic), capricorniano!.