26 de janeiro de 2009

Ontologia Sumaríssima

Por Paulo Henrique Britto


Umas quatro ou cinco coisas,
No máximo, são reais.

A primeira é só um gás,
que provoca a sensação
de que existe no mundo
uma profusão de coisas.

A segunda é comprida,
aguda, dura e sem cor.
Sua única serventia
é instaurar a dor.

A terceira é redondinha,
macia, lisa, translúcida,
e mais frágil do que espuma.
Não serve para coisa alguma.

A quarta é escura e viscosa,
como uma tinta. Ela ocupa
todo e qualquer espaço
onde não se encontre a quinta
(se é que existe mesmo a quinta),

a qual é uma vaga suspeita
de que as quatro acima arroladas
sejam tudo o que resta
de qualquer coisa malfeita
torta e mal-ajambrada
que há muito já apodreceu.

Fora essas quatro ou cinco
não há nada,
nem tu, leitor,
nem eu.

2 comentários:

putz! disse...

karak, qui aula de fizica! muinto bom!

d.b disse...

concordo com o putz, plenamente.