17 de abril de 2010

Gillette


O espelho ficava preso a um prego numa pilastra do quintal. Painho, de posse de um lápis e de uma lâmina "Gillete", com uma perícia que jamais terei, fazia a barba. Seu cabelo, quanto cortava, punha-o mais jovem. No final, feitos cabelo e barba, tínhamos painho renovado. Seu sapato social - único -, sua calça social, sua meia (que estava sempre ali, dentro do sapato), ei-lo que estava pronto para ir jogar sinuca. 10 hora da noite. "Claudinho! Vai chamar teu pai na venda!". Célere, corria para ver painho jogar e, claro, comprar-me uma cocada. Bigode á Noel Rosa, mestre na sinuca, mestre na padaria, meu mestre caminhava firma pela avenida Sergipe. Trazia nos bolços, amassadas, notas de cruzeiros ganhos no jogo.

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