30 de abril de 2011

Honrar a Vida: Um Canto Sobre o Valor da Vida

Por Ruy Enrique Cosio Papadópolis (*)



Sem dúvida alguma, quem ouve a belíssima canção da compositora argentina Eladia Blasquez - que foi magistralmente interpretada por vários artistas da talha de Mercedes Sosa, Marilinia Ross e Sandra Mihanovic (que tem uma preciosa versão que compartilho aqui com vocês) - não pode deixar de refletir acerca de seu mensagem, pois de uma ou outra forma, toca a alma de muitos de nós e nos incita a refletir sobre a letra da canção.
No, permanecer y transcurrir no es perdurar, no es existir, ni honrar la vida.
Hay tantas maneras de no ser, tanta conciencia, sin saber, adormecida.
Merecer la vida no es callar y consentir tantas injusticias repetidas.


Es una virtud, es dignidad, y es la actitud de identidad más definida.
Eso de durar y transcurrir no nos da derecho a presumir
porque no es lo mismo que vivir honrar la vida


No, permanecer y transcurrir no siempre quiere sugerir honrar la vida.
Hay tanta pequeña vanidad en nuestra tonta humanidad enceguecida...


Merecer la vida es erguirse vertical más allá del mal de las caídas.
Es igual que darle a la verdad y a nuestra propia libertad la bienvenida.


Eso de durar y transcurrir no nos da derecho a presumir porque no es lo mismo que vivir
Honrar la vida
REFLEXÕES SOBRE O VALOR DA VIDA?

Porém, creio não ser alguém que deveria estar qualificado para escrever umas reflexões sobre um canto ao valor da vida. Por que dentro de mim há duas partes que lutam, se contrapõem, vencem umas vezes e perdem outras. Existe uma como reflexo da outra em universos paralelos e coincidentes. Uma parte que gosta dos presentes da vida, que é vital, que acredita no amor, na pureza, na alegria, no que nasce e vive. Mas também existe a outra parte, que tem raiva das coisas que não acontecem na vida, das falências, dos desencontros, da falta de amor, da pobreza, da injustiça, da morte e suas variações e seus ódios. Sou alguém que intentou desertar antes do final e fracassou. Que sabe que a retórica da beleza de volver-se a levantar é falsa, pois não temos outra eleição, não é uma virtude: é uma tarefa de castigo. Não existe outra opção. A grande diferença está na posição vertical que nos dá a dignidade. Assim, como posso escrever sem cair numa espécie de hipocrisia ao ser parcial só com uma parte? Alguém não crente pode louvar a Deus? Pode alguém que não é feliz falar apropriadamente da felicidade?

Vou a tentar.

Para iniciar estes comentários devo dizer que poucas vezes encontrei um titulo que quase por si mesmo seja toda uma obra completa. Basta ler e deixar voar a mente para saber a força da mensagem que vai detrás.

QUE NOS ENSINA A CANÇÃO?
Para mostrar respeito e reconhecimento ao valor que têm a vida (isso é honrar), para tornar-nos atores da honra, a chave esta na atitude do ser. Vamos a descrever brevemente o que a canção fala indiretamente do que isto implica.

A ATITUDE DO SER
Sem permanecer. Temos que fluir e deixar fluir a vida através de nós. Não temos que ficar parados desejando que os momentos se tornem fixos para sempre. Todo flui na existência.

Sem presumir. Somos tão pequenos frente da imensidade da existência que nada do que poderemos lograr ou alcançar a ter, vale nada. Nossas vitórias o sucessos são brisa num furacão.

Sem vaidade. O ego é o caminho para sofrer. É para depender da aprovação dos outros que cultivamos nosso próprio sofrimento ao acharmos melhores que os demais.

Sem transcorrer. Não é deixando que a vida transcorra simplesmente que vamos a encontrar a chave de marcar nossa sina, que passamos por aqui. Temos que influir e afetar a outros a nosso passo.

Sem cegueira. Simplesmente não enxergamos a realidade quando somos cegos da dor, da injustiça, das mentiras que construímos e acabamos acreditando nelas. Cegos das mentiras do amor e seus servos: o sexo e os apegos.

HONRAMOS O SER AO VIVER A VIDA

Com Dignidade. Somos dignos quando não deixamos atrás os sonhos e os ideais que são nossos princípios e valores.

Com coragem. Não abandonar-nos à dor e aos lamentos. Reunir forças para voltar a enfrentar as caídas, uma e outra vez.

Com Verdade. Deixar de mentir-nos é o primeiro passo para dizer as coisas pelo que são, sem trocar significados e nomes por nossa fraqueza de enfrentar as conseqüências.

Com Liberdade. Não seguir os modelos impostos por nossos prejuízos, nossas frustrações, nossas crenças. Seguir o coração e o que nos faz sentir a nós mesmos.

PARA MERECÉ-LA

Estamos dispostos a fazer as coisas que devem ser feitas para que possamos merecê-la?

A vida não é grátis. Tem um preço. DEIXEMOS NOSSAS PASSADAS NA AREIA CONSCIENTES DA BREVEDADE DO TEMPO. O EFÊMERO DE NOSSO PASSO.

(*) Ruy é um amigo boliviano, consultor de empresas e já foi citado neste blog no post http://cemfinslucrativos.blogspot.com/2011/04/rosa-no-asfalto.html

28 de abril de 2011

Uma Aquisição Interessante

Djavan - A rota do individuo (Ferrugem)



Por Fábio Sena

Aquisição extraordinária domingo passado, na feira do rolo: Djavan, Coisa de Acender. O título diz muito pouco do conteúdo. Submerso nos escombros de uma mocofaia estruturada para ser exibida no Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Cd era esmagado por outras várias obras musicais cujo valor merece reflexão antropológica. Arranquei-o das profundezas num maravilhoso golpe de sorte e, dando manutenção à tática perversa do desprezo de quem deseja com avidez o objeto, o depositei novamente nos escombros - que lembravam o Afeganistão pós-ataque bushiano. Ah! Como doeu ver Djavan submetido a tais agruras. Mais ainda ter que vê-lo servindo de objeto de barganha irresponsável. Mas como conciliar duas práticas extremamente distintas. Fato é que imediatamente retirei-me do local e, num relance, virei-me para o vendedor e indaguei do preço. Espantei-me com o que ouvi. Teria ele pronunciado treze ou três reais. Meu proverbial ceticismo inflacionou a idéia e afastei-me, não o suficiente para ouvir a outra proposta. “Faz dois”. Que bom, pensei!. Meu coração palpitou, mais ainda quando lembrei que já havia investido meus parcos recursos na compra de um Cícero, um Petrônio e um Althusser, a preços bastante camaradas. Restava-me no bolso o último e, mais que nunca valioso, “um real”. Numa ação enérgica e desesperada, extraí do bolso os vinténs e praticamente os joguei nas mãos do vendedor, cujo semblante e indumentária estão a merecer maior atenção deste cronista, que promove este relato ainda em estado de êxtase desenfreado.

Apanhei o Djavan e imediatamente evadi-me do local, temendo uma revisão de preço por parte do feirante. O mesmo aceitou o real quase que como imposição. As coisas sucederam num átimo de tempo tão miúdo que havia o risco de uma nova versão ser posta em prática. Embrenhei-me feira adentro como uma ratazana assustada. Num momento kakfiano, senti-me estranho e perseguido pelos feirantes, e corria. Entendi a essência maior de Chico: “quanto mais eu corria mais eu ficava”. Fato é que, não sem alguns arranhões e dissabores de outras ordens, alcancei o exterior do estertor: a feira.

Na Frei Benjamin, relativamente liberto dos monstros maus que me perseguiam, pude saborear o valor da compra. Apalpei a obra que buscava encontrar fazia anos. Senti um prazer típico daqueles experimentados em outras eras na mesma feira do rolo, do período em que eu e Maurício, ávidos por rock, comprávamos de Ademir - no tempo em que este só comercializava vinil - as obras q’inda hoje guardo comigo.

O disco, de 1992, é uma pérola. Neste momento mesmo estou a ouvi-lo. A tarde, calma e de sol fresco, constituiu o cenário perfeito para deliciar-me. O disco é todo bom. Adorei-o na inteireza porque coerente consigo mesmo, porque sua fórmula é a simplicidade, e seu conteúdo um mundo vasto. Adorei-o todo.

A Rota do Indivíduo (ferrugem), que abre o disco, remeteu-me imediatamente ao distrito federal. São meros e infinitos quatro minutos e vinte e quatro segundos de uma nostalgia avassaladora, de uma beleza inefável, que já me conduziram, ontem e hoje, para várias eras da existência. A letra de Orlando Moraes, muito bonita, ainda está aquém, muito aquém da beleza melódica implementada por Djavan, que materializou um sentimento cuja razão é desconhecida. Trata-se de uma rota verdadeiramente individual e incoerente, sem qualquer obediência à lógica formal. O conjunto, no entanto, letra e música, são quase uma obra cinematográfica. As imagens, repletas de um lirismo que beira à brutalidade, invadiram minha mente e dominaram meus sentidos, reduziram-me a uma condição primacial. Logo cedo, acordaram-me com a canção. O sono latente aliado à preguiça idem, mais a conjunção das imagens de um sonho que me levaram a eras mesozóicas de minha existência, produziram um efeito devastador em meu corpo, meu cérebro, minha alma... Fui ferozmente arremessado ao vazio, ao abismo musical de proporções inteligíveis, inexplicáveis.

Boa noite, a da seqüência, é de uma musicalidade cuja beleza reside exatamente na despretensão, elemento característico da obra djavanística. A canção não pretende eternidade e também não busca sagrar-se. Parece ter surgido de uma idéia de fim de tarde, ou num tédio matutino. Mas como ela se alia em beleza a Ferrugem. Como ambas se entrelaçam. Um verso simples como “quem não tem pra quem se dar o dia é igual à noite” é pronunciado com tal beleza, numa sonoridade tão elástica e profana, que minha mente ébria o equipara a Dante, a Drummond.

“Só dizer sim ou não, mas você adora um se”, eis aí uma obra sobre a qual os críticos musicais e literatos deveriam se debruçar. Se reúne em si ilhas, arquipélagos, florestas, desertos, mundos inteiros porque seus versos vão no íntimo do átomo de nossas composições pessoais, e independe de nacionalidade, do credo e da cor. Em menos de cinco minutos, uma verdade. O eterno “se” doloroso, que a todos atordoa. Aquela sobre quem ele fala, para quem o “se” é uma estratégia de vida, faz doer em todos a dor universal mais permanente e constante. Dor de dente o tal de “se”. Afeta-me também.

Em Linha do Equador, Caetano se reencontra, mas graças à beleza melódica imposta por Djavan. Que coisa linda esta música, que graça simples, que empatia com o tudo, que propriedade raríssima do Caetano recente, que união literária e musical mais bem acabada. A canção - parece - é uma verdadeira descoberta platônica: estava lá, pronta, no campo das idéias, e os sábios souberam trazê-la, humanizá-la e apresentá-la.

Por fim, seguem nessa linha de beleza Violeiros, Andaluz, Outono, Alívio (bela melodia do baixista Arthur Maia) e Baile. Não me lembro de disco que me tenha causado tamanha sensação de liberdade e desejo de viver como este nos últimos tempos, nos quais mais me surgem perspectivas de ascensão da mediocridade como autoridade suprema.

Com Djavan, nos últimos dias, recobrei a sensibilidade de percorrer minha trajetória pessoal, resgatando da memória, cada dia mais dispersa e desgastada, na busca dos elementos que contenham algumas respostas. Desnecessário informar que nenhuma resposta encontrei porque - parafraseando o velho e insubstituível Pessoa - nenhuma resposta há. Meu ceticismo seria capaz de encontrar esta resposta - que não há resposta - mas a evasão que promovi de mim mesmo serviu para ocupar um local neste vasto espaço onde há resíduos de uma forma de vida onde a poesia é cultivada sem os adereços de mediocridade que esta “modernidade” impõe.

Concluo: é engraçado notar que, mesmo quando submerso num mar de agruras que não se manifesta nem se materializa, é possível detectar aqui e acolá flores e arte poética que permitem o deslumbramento e impulsionam a mente a redimensionar-se, fazendo o sujeito exacerbar na criatividade.

Criar, inclusive, tem sido o grande elo entre este narrador de histórias desconexas e a vida. Criar tem sido a aura e a alça deste caixão existencial que sustento por profunda paixão à morte e seus sortilégios. Segue-se.

Foi Uma Pedra que Rolou

Em compensação, Peninha, Pedro Caetano, seu colega de profissão, diferentemente de você, submetido à mesma prova teve outra reação. Fábio Sena, especialista em Música Popular Brasileira, manda-me a dica abaixo: a canção Foi Uma Pedra que Rolou, interpretada por Silvio Caldas, que diz:



Não quero nem faço apologia à revolta, ao histerismo nem à irracionalidade, friso. Apenas apelo ao bom senso, como quereria Roberto Carlos e as baleias. E o bom senso manda que, uma vez perdendo-se um grande amor, a gente deve manifestar, pelo menos, lanpejos de desespero.

Cá está a letra na íntegra:

Me levavas jurando ter grande afeição por mim
Tu foste embora me deixando triste assim
Isto é cruel, meu Deus do Céu,
Isto é demais, isto é pecado,
E não se deixa um homem assim abandonado

Eu que era crente e digo o mesmo prá você,
estou desiludido.
Destruíste o castelo,
Tão bonito que eu havia construído
Tens um coração de pedra, falsidade igual ä tua ainda não vi,
Vou viver te maldizendo,
E maldizendo o dia em que te conheci,

Foi uma pedra que rolou da ribanceira da desilusão.
E redundou, e redundou na causa morte,
Do meu pobre, do meu pobre coração,
E eu que já pensava ter um pedacinho
Pequenino de felicidade.
Vi tudo desmoronado,
E destruído pela tua falsidade

26 de abril de 2011

Completamente Seu

Foi Caetano que - homem de bom gosto - emprestou seu talento à canção do Peninha: Era uma brincadeira. A canção, na voz de Peninha, já era/é um clássico. Na infância, quando foi lançada, ouvimo-la até doer os tímpanos. E já naquele tempo eu já era capaz de identificar, de ouvido, onde o autor fora feliz. Vejam, abaixo, se tem fundamento minha análise.





Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo me absorvendo e, de repente, eu me vi assim completamente seu.

Esse "completamente seu", concludente, arredondado no fim da frase, como se letra e melodia fossem irmãs siamesas, é um dos pontos altos da canção.

Vi a minha força amarrada no meu passo.
Vi que sem você não tem caminho eu não me acho.
Vi um grande amor gritar dentro de mim como eu sonhei um dia.

Vejam, novamente, a frase cabe completamente na "frase melódica". "Um grande amor gritar dentro de mim!".
O homem estava no melhor dos mundos. E, se bem conheço as mulheres, isso é tudo que elas gostariam de ouvir de um homem. Tô errado, Naná?

Quando o meu mundo era mais mundo e todo mundo admitia uma mudança muito estranha: mais pureza, mais carinho, mais calma, mais alegria no meu jeito de me dar.

É como se ele estivesse fazendo prosa, mas - meu Deus! - é poesia e é música.

Quando a canção se fez mais forte, mais sentida
Quando a poesia fez folia em minha vida

Mas - trágico -, olha que ele, sem ao menos nos preparar, dá o recado sem preliminares. Faz doer na gente tanto quanto nele, ao ouvir dela a notícia infausta:

Você veio me contar dessa paixão inesperada por outra pessoa.

E, ao mesmo tempo que nos dá a pior das notícias (a queima-roupa), lá vem ele com uma aceitação igualmente inesperada.
Mas não tem revolta, não; eu só quero que você se encontre
Ter saudade até que é bom é melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom que eu tenho em mim (eu tenho sim)
Não tem desespero, não; você me ensinou milhões de coisas


Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz

Ora essa! Cadê o sofrimento natural, Peninha?! Cadê a revolta necessária e imprescindível?!
Como assim você me ensinou milhões de coisas?! Onde você foi achar tanta racionalidade?!

Deixa eu acalmar um pouco...

Vamos imaginar, Peninha, que tal fato (a paixão inesperada por outra pessoa) ocorresse numa fase do seu casamento onde a relação estivesse, vamos lá, morna. Onde o casal, você e ela, já estivesse mais pra lá do que pra cá. Ai, tudo bem, dava pra aceitar você dizer: "Não tem desespero, não". ou ainda: " Eu só quero que você se encontre".
 
Mas, irmão, ela foi dar a maldita notícia exatamente no momento em que:
a) você se viu completamente dela;
b) você via que sem ela não havia caminho;
c) sem ela, você não se achava;
d) seu mundo era mais mundo;
e) todo mundo admitiu uma mudança muito estranha: mais carinho, mais pureza, mais calma, mais alegria no seu jeito de se dar;
f) a canção se fez mais forte, mais sentida;
g) a poesia realmente fez folia em sua vida.

Veja que o quadro geral de seu coração, Peninha, era praticamente celestial.

Tudo bem, não quero condená-la. Foi tão somente uma paixão inesperada por outra pessoa.
Mas é inadmissível você vir com:
"Não tem revolta, não!".

Tem revolta sim, e das grandes!

A Rosa no Asfalto

Meu amigo se chama Ruy Enrique Cosio Papadópolis. Um caso improvável. Uma mentira. Uma ficção. Uma impossibilidade. Pelo fato de - no mundo empresarial - manejarmos as mesmas ferramentas (planejamento, processos, estratégias, desenhos organizacionais), vimo-nos envolvidos num mesmo projeto. Um grande projeto. Inteligentíssimo, ele sabe das coisas. Conhece o universo corporativo. Sabe, como poucos, os detalhes do ato de gerenciar e de executar. E é surpreendente o quão competentemente ele educa e aprende. Mas muito mais mais supreendente é que esse mesmo Ruy é um poeta, e filósofo, e sábio, e sensato, e espiritualista, e letrado, e musical, e culto, e viajado e..., pasmem!: humano.

Sou amigo de um homem sem medidas.

25 de abril de 2011

Manga

Mainha tem, no seu quintal, um pé de manga diminuto. É pequeno, mas quando dá, dá para valer. As mangas têm sempre coisa de 1kg. Essa, ao lado, mainha guardou-ma durante dias, até que, chegando em Conquista, dei cabo da bendita. Tarefa difícil, já que enorme. Antes, porém, registrei-a para a posteridade. Antigamente, nos tempos da Avenida Sergipe 615, tínhamos pés de abacate, que eram imensos. Mas um deles, quando dava, dava pra valer. 1k de abacate.

23 de abril de 2011

A Escola dos Deuses

Recebi de presente, do meu amigo Cláudio Brüehmüeller (pronuncia-se brimiler), o livro A Escola dos Deuses, de Stefano Elio D´Anna. O livro sintetiza - num enredo moderno e ocidental - toda a sabedoria antiga, todas as idéias presentes nas obras dos Pensadores gregos. Há nele frases do tipo: "O mundo é subjetivo, é pessoal!... É o reflexo especular do nosso ser... Visão e realidade são a mesma e idêntica coisa; o que as divide é somente o fator tempo...", ou ainda: "Um dia você compreenderá que não há nada a adicionar, mas muito, muito a eliminar... para poder saber.", e ainda: "Atribua a si mesmo a culpa de tudo, assuma a responsabilidade de tudo aquilo que lhe acontece. O segrego dos segredos é o Mea-culpa.",, e mais: "A partir do momento em que você percebe que o mundo é a projeção de você mesmo, você está livre dele."

Para entender e aceitar o que vai na obra é imprescindível um nível muito alto de abstração. Sutil por demais, por demais profundo.

Baba das Nigrinhas


Alguns amigos me convidaram, ontem, para participar do Baba das Nigrinhas. Baba, na bahia, é um jogo de futebol num campo qualquer. Ocorre que vários homens, em vários locais da cidade, se vestem e se pintam como uma mulher para jogar. Recusei o convite só por um motivo: não estou em forma para correr. Que, se eu estivesse, punha um vestidinho curto e tava lá colado. Ora, Leo Kret - que, suponho, todo o Brasil conhece - esteve na festa, sobre um trio - conforme se verá no vídeo acima. Pois imaginem o gigantesco engarramento causado pela(o) nossa(o) vereador(a).

O evento é engraçadíssimo. Vestidos de todos os gêneros: longos, curtos, decotados. E, claro, o tremendo mau gosto. Se se quer imitar as mulheres, é a pior das imitações. Se se quer caricaturar, ai tudo bem. Se se quer parecer piriguete, tá muito mal. Ok, eu sei eles não querem nem uma coisa nem outra.

Para que vocês tenham uma clara idéia do que é o Baba das Nigrinhas, vejam esse video.

22 de abril de 2011

As Meninas do Brasil

Quando eu ainda morava em Ondina, acompanhei a instalação da escultura As Meninas do Brasil, obra da artista Eliana Kertész. Difícil dizer em que a Eliana mais acertou: se nas esculturas em si, se na disposição das mesmas no espaço daquela esquina, se na escolha da esquina. Não sei. Sei que elas são interessantíssimas. Contudo, volta e meia alguém - um desses "descompreendidos" - vai e diz: "que mau gosto essas gordas ai!". É imprescionante. Você, quando vier a Salvador, visite-as. É bem fácil chegar até elas. Estando na orla de Ondina, siga em direção ao ISBA. Pronto. Elas estão bem ali. Fundidas em bronze e com quase 3 metros de altura cada uma, as simpáticas e leves garotas estão desde 2004 no canteiro central da Avenida Adhemar de Barros. E as meninas têm nome e nacionalidade. Damiana (Africa); Catarina (interior do Brasil) e Mariana (Portugal). Cada uma olhando para seu local de origem. No mundo atual, em que vivemos a apologia à magreza, Eliana "se inspira sempre em mulheres com formas robustas e fartas, manifestando sua irreverência e dando seu recado de que não existe a ditadura da silhueta perfeita." Vale a pena conhecer a obra completa da Eliana.

20 de abril de 2011

Abandonado por Ulisses

Fui abandonado por Ulisses. Há um mês, aproximadamente. E há um mês que, na falta dele, valho-me de Del, cujos serviços, pasmem!, tem qualidade superior à do filho de Laerte. Mas deixem que vos conte toda a história, de modo a evitar interpretações precipitadas que, com alguma intencionalidade, provoco. Pois bem. Há já muitos e muitos fios de cabelo que só vou a um único cabeleireiro: Ulisses. Ulisses corta cabelos no Salão Realce, que fica na Rua Direta da Piedade, entre a Piedade e o Lugar Comum, logo após o Banco do Brasil. Ocorre que, há um mês, tendo chegado de viagem com aparência de Sansão, nada mais tinha na cabeça senão ir ter com Ulisses, e submeter-me à sua tesoura.

- Ulisses não trabalha mais aqui, broder.
Foi com essa frase ecoando em meus tímpanos que me sentei, num desalento comum aos desamparados, comum àqueles que visitam terras onde filho chora e mãe não vê. Ora, só Ulisses sabia a medida certa de cada fio! Só ele sabia fazer aquela estética dégradé! Só ele tinha a perícia, unindo tesoura e navalha, de podar algum fio mais saidinho, mais assanhado! Ergui, mentalmente, as mãos para os céus buscando, nas alturas, solução para meu drama. Valei-me vós, ó deuses das profundas capilaridades!
- Tem preferência por outro profissional, broder?
Que pergunta! Quem nesse mundo poderia substituir Ulisses?! Ninguém!
- Del corta bem pra porra.
- Quem é Del?
- (ele apontou com o beiço estendido).
Eu não tinha escolha. No dia seguinte haveria uma reunião logo cedo, e o aspecto de Sansão poderia causar má impressão.
- Ok. Eu aguardo.
Daquele dia até esta parte, já estive com Del duas vezes. Estou feliz e espero que ele não me abandone. Nunca. Que nunca me Delete.

11 de abril de 2011

Justiça Seja Feita

Um dado histórico: lá em casa, só quem, de fato, deu duro na vida, fomos eu e Petrônio. Fábio, Maurício e Paulinho foram mal acostumados por painho e mainha. Fábio e Maurício só pegaram no duro quando se casaram, e, mesmo assim, um duro um tanto quanto flácido. Já Paulinho, esse, sim, até hoje - estamos falando de quase meio século - vive da fala. Sim, a mesma fala que o faz retirar leite de uma vaca pintado num afresco. A foto ao lado ilustra bem a minha e a vida de Petrônio . Dá pena, gente. É um garoto, e já na labuta!

Acerca de Minha Barriga

Alhures, disse-lhes que estava sofrendo com a imensa barriga que desenvolvi - resultado do sedentarismo e de outras apurrinhações. Pois faço saber - a quem interessar possa - que evoluo diariamente. Perdi 2kg. Minha meta é perder 5 até o final do mês que vem. Aguardem.
A propósito, reparai no meu olhar. Vede que eles fixam o horizonte com aquele quê de quem já chegou lá e, agora, por absoluta falta do que fazer, quer refazer a jornado, voltando ao ponto de origem. Vejam mais: a camisa, ao fundo, cobre parte daquilo que, em breve, deixará de existir. Amém.

6 de abril de 2011

Humaitá III


Humaitá II


Humaitá


Método Silva

Confesso que, pouco a pouco, vou me tornando menos cético. Exemplo disso é que fiz o Curso Básico do Método Silva. Simplesmente estou convertido. E vou arrebanhar almas para essa nova seara. www.metodosilva.com.br.