16 de setembro de 2011

10 de setembro de 2011

E o sentido, Luciano?!

Durante meses, no curso de filosofia na Faculdade São Bento, fui editor dum hebdomadário chamado O Implikant. Nele, temas filosóficos foram tratados sob o manto do ecumenismo. Na pauta, sempre, rodeávamos duas palavrinhas - terríveis palavrinhas: verdade e sentido. A bem dizer, uma e outra dão no mesmo. Se chego ao sentido de tudo, chego à verdade que, aqui, vai no sentido não de conformidade, mas de... desvelamento. Rigorosamente, seria chegar ao "ser". Chegar àquilo que é. Chegar àquilo que não é aparente. Tocar o íntimo do âmago do ente. E, aí, encontrar o sentido de nossa existência. Chegar às razões radicais.


Durante algum tempo - algumas aulas - instei com o professor Luciano (vulgo O Mestre) para que centrássemos nossos esforços mentais naquilo que, pra mim, é o essencial em filosofia. Mas fi-lo numa aula de fenomenologia que não tem esse objeto como seu elemento base. Particularmente, em que pese meu respeito pelo Mestre, o único sentido de haver filosofia é buscar o... sentido do real (contraditório?).

Buscar sentido (a verdade) é estar doente. A cura? A ilusão. Nada além de uma ilusão. "Eu não quero nem peço, para  o meu coração, nada além de uma linda ilusão". Mas quando tenho surtos, Luciano, não quero nada, nada além da verdade. Só ela me libertará.
  



7 de setembro de 2011

Patrícia

Descoberta a farsa, Antenor capota o veículo e sai ferido. Agora é aguardar ate amanhã para ter os detalhes.

Você, leitor, que não está entendendo nada, vai entender agora.

A nova novela da Globo chama-se Fina Estampa. O núcleo principal tem como protagonista Antenor. Antenor  é filho de uma mulher pobre (áspera estampa). Ele quer se casar com uma menina rica, Patrícia. Para tanto, diz-se homem de berço e mente sobre 99% de sua vida. Hoje, 100% das mentiras foram desmascaradas, dramaticamente.

A mim me chamou a atenção Patrícia. Ela foi de uma sinceridade ímpar. Enquanto faltava em tudo um mínimo de verossimilhança, ela foi veraz. O grito dado à mão foi tocante, verdadeiro. Logo depois, no seu quarto, chora. Chora como gente grande.

Antenor, Griselda, Thereza Cristina, Renê...  Eles nada disseram. Patrícia estava vendo seu castelo desmoronar-se diante de um mar de mentiras. Antenor, por mais canalha que fosse, era também o amor de sua vida. Sua mãe (Christiane Torloni), numa atuação muito ruim (caricatura da caricatura), consegue tirá-la do sério.

Esta novela não tem futuro. Poderá até ter Ibope. Mas não terá futuro.

Mas, não se turbe o vosso coração. Vou deixá-los, a vós que vos ocupais de temas mais graves, sempre ao corrente dos fatos. E vou buscar ver aquilo que mais se me apresente como, de fato, importante. E, no capítulo que acaba de acabar, foi Patrícia, e sua primorosa atuação, que merece meu comentário.

Agora, vou retornar à leitura da Biografia do Schopenhauer, do Rüdiger Safranski. Não estou gostando muito. Há mais romance que biografia. Mas ainda estou no meio do caminho. Talvez melhore mais à frente.





4 de setembro de 2011

Suposição

Vamos supor que eu morresse. Um mal-súbito. Uma dor. Sei lá. O que importa é que eu morra, de modo que minha suposição ganhe realismo. Pois bem: morri. Agora, vamos aos acontecimentos futuros. Lamentações. Alguns vão lamentar. Mainha, principalmente. Vania mais que todos, imagino. No meu trabalho, hão de dizer: "Cláudio?! Morto? Oh!". Eu, do outro lado, estarei morto. E do lado de cá, idem. Há bilhões de pessoas no mundo. E há muitas estrelas na galáxia. Minha morte será uma tremenda efeméride. Mas se eu ficar vivo, talvez seja melhor. Vamos então supor que eu não morra, e que fique vivo. Isso não muda nada. Mainha nada dirá, nem Vânia dirá nada. Ficar vivo não muda nada. Morrer, sim. A diferença é que morrer, no meu caso, seria uma mera suposição, a não ser que eu, de fato morresse. Já viver, no meu caso, é algo real; a não ser que eu morresse e, por isso, deixasse de viver.