27 de janeiro de 2009

Messias, o Monstro!

No último final de semana - em Vitória da Conquista - vivi uma daquelas experiências que você imagina impossíveis. Fui apresentado por Fábio, meu irmão, a Manoel Messias, que fora seu professor de filosofia na graduação. Fábio me disse: "Bicho, tu vai ficar de boca aberta!". Naquela noite de sábado, pra começar um papo cabeça, fui logo dizendo a ele, Messias, acerca de minha teoria sobre a Inexistência da Intimidade, onde ele, de pronto (não sei se por condescendência ou se por bondade mesmo) disse que concorda com a teoria (dei uma risadinha de alegria). E depois fomos falar de mais outras teorias. Foi quando Fábio, intervindo, foi logo dizendo: "Esse cara sabe tudo de Ricouer!". Pronto, foi o suficiente para eu expor minhas teorias acerca da Via Curta e da Via Longa, ao que ele ficou ouvindo, condescendente... bondoso. Outra risadinha. Bondoso, ele me disse: "Rapaz, já que você tem interesse em Ricouer, vá lá em casa amanhã, pela manhã." Domingo, casa de mainha, acordo. Tomo café com bolo de aipim (tá, mandioca). Convido Fábio a ir comigo á casa do Messias. Fomos. Chegamos no escritório messiânico. Messias foi passando em revista todas as obras de Ricoeur e de seus comentadores. "Ricoeur é um construtor de pontes", dizia Messias. E apontava viadutos e pinguelas entre Ricoeur e Kant, Ricouer e Gadamer, Ricouer e Heidegger, Ricoeur e Schleiermacher, Ricoeur e Dilthey e, óbvio, Ricoeur e Freud. Tomamos um banho de Ricoeur até cerca de 13 horas, quando Fábio, um tanto quanto amarelo, sugeriu que fôssemos pra casa de mainha para continuar o papo almoçando, do contrário, teríamos um desmaio hermenêutico. "Só um instante", diz Messias, "deixa mostrar só mais uma coisinha". Lá vem Messias com A Filosofia da Vontade. Mais 30 minutos de banho. E Vontade de almoçar destruindo Fábio. Lá pras tantas, misericordioso, Messias aquiesce. "Vamos lá, então." Almoçamos filosofando. Chupamos umas 30 mangas do quintal de mainha e uns tantos pedaços de bolo de aipim (tá, mandioca). Eram quase 5 da tarde, e ainda não tínhamos falado mal de Nietzsche e da sirigaita de sua irmã, mas Messias tinha um compromisso: lançamento de um livro. Fomos, eu e Fábio, acompanhar Messias até sua casa, que é perto da de mainha. Na caminho de volta, Fábio me indaga: "Eu não te falei que o homem era um monstro?!".


Só pra constar:
Paul Ricoeur (Valence, 27 de fevereiro, 1913 - Chatenay Malabry, perto de Paris, 20 de Maio de 2005) foi um dos grandes filósofos e pensadores franceses do período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial. Foi no pós-guerra académico na Universidade da Sorbonne. Passou também pelas universidades de Louvaina (Bélgica) e Yale (EUA), onde fez uma importante obra de filosofia política. Ricoeur participou em debates sobre a linguística, a psicanálise, o estruturalismo e a hermenêutica, com um interesse particular pelos textos sagrados do cristianismo. Cristão e antitotalitarista, notabilizou-se pela oposição à guerra da Argélia (1954-1962) e à da Bósnia, em 1992. Entre as suas obras contam-se Histoire et Verité (1955), Soi-même comme un autre (1990), La Memoire, l'histoire, l'oubli (2000) e L'Hermenéutique biblique (2001). Morreu sexta-feira, dia 20 de Maio de 2005. (fonte: wikipedia)

3 comentários:

d.b disse...

realmente, a irmã do nite era um alegítima sirigaita. na verdade eu conheço outros sinonimos mais adequados que não ousarei revelar porqque a boa educação que dagomé meu meu pai me deu não me permite fazê-lo.

só tenho dó é de tio fábio...

Silvinha disse...

Minha imaginação só conseguiu alcançar o seu olhar embasbacado ouvindo o homem. Foi só o que me veio à mente. hehehehe

Silvinha disse...

Só pra constar, eu ainda não esqueci que vc não veio ao meu casamento, mas como existe uma boa chance do nelson ter esquecido de mandar o convite, nesse caso vc terá o meu perdão. (só nesse caso)