30 de abril de 2011

Honrar a Vida: Um Canto Sobre o Valor da Vida

Por Ruy Enrique Cosio Papadópolis (*)



Sem dúvida alguma, quem ouve a belíssima canção da compositora argentina Eladia Blasquez - que foi magistralmente interpretada por vários artistas da talha de Mercedes Sosa, Marilinia Ross e Sandra Mihanovic (que tem uma preciosa versão que compartilho aqui com vocês) - não pode deixar de refletir acerca de seu mensagem, pois de uma ou outra forma, toca a alma de muitos de nós e nos incita a refletir sobre a letra da canção.
No, permanecer y transcurrir no es perdurar, no es existir, ni honrar la vida.
Hay tantas maneras de no ser, tanta conciencia, sin saber, adormecida.
Merecer la vida no es callar y consentir tantas injusticias repetidas.


Es una virtud, es dignidad, y es la actitud de identidad más definida.
Eso de durar y transcurrir no nos da derecho a presumir
porque no es lo mismo que vivir honrar la vida


No, permanecer y transcurrir no siempre quiere sugerir honrar la vida.
Hay tanta pequeña vanidad en nuestra tonta humanidad enceguecida...


Merecer la vida es erguirse vertical más allá del mal de las caídas.
Es igual que darle a la verdad y a nuestra propia libertad la bienvenida.


Eso de durar y transcurrir no nos da derecho a presumir porque no es lo mismo que vivir
Honrar la vida
REFLEXÕES SOBRE O VALOR DA VIDA?

Porém, creio não ser alguém que deveria estar qualificado para escrever umas reflexões sobre um canto ao valor da vida. Por que dentro de mim há duas partes que lutam, se contrapõem, vencem umas vezes e perdem outras. Existe uma como reflexo da outra em universos paralelos e coincidentes. Uma parte que gosta dos presentes da vida, que é vital, que acredita no amor, na pureza, na alegria, no que nasce e vive. Mas também existe a outra parte, que tem raiva das coisas que não acontecem na vida, das falências, dos desencontros, da falta de amor, da pobreza, da injustiça, da morte e suas variações e seus ódios. Sou alguém que intentou desertar antes do final e fracassou. Que sabe que a retórica da beleza de volver-se a levantar é falsa, pois não temos outra eleição, não é uma virtude: é uma tarefa de castigo. Não existe outra opção. A grande diferença está na posição vertical que nos dá a dignidade. Assim, como posso escrever sem cair numa espécie de hipocrisia ao ser parcial só com uma parte? Alguém não crente pode louvar a Deus? Pode alguém que não é feliz falar apropriadamente da felicidade?

Vou a tentar.

Para iniciar estes comentários devo dizer que poucas vezes encontrei um titulo que quase por si mesmo seja toda uma obra completa. Basta ler e deixar voar a mente para saber a força da mensagem que vai detrás.

QUE NOS ENSINA A CANÇÃO?
Para mostrar respeito e reconhecimento ao valor que têm a vida (isso é honrar), para tornar-nos atores da honra, a chave esta na atitude do ser. Vamos a descrever brevemente o que a canção fala indiretamente do que isto implica.

A ATITUDE DO SER
Sem permanecer. Temos que fluir e deixar fluir a vida através de nós. Não temos que ficar parados desejando que os momentos se tornem fixos para sempre. Todo flui na existência.

Sem presumir. Somos tão pequenos frente da imensidade da existência que nada do que poderemos lograr ou alcançar a ter, vale nada. Nossas vitórias o sucessos são brisa num furacão.

Sem vaidade. O ego é o caminho para sofrer. É para depender da aprovação dos outros que cultivamos nosso próprio sofrimento ao acharmos melhores que os demais.

Sem transcorrer. Não é deixando que a vida transcorra simplesmente que vamos a encontrar a chave de marcar nossa sina, que passamos por aqui. Temos que influir e afetar a outros a nosso passo.

Sem cegueira. Simplesmente não enxergamos a realidade quando somos cegos da dor, da injustiça, das mentiras que construímos e acabamos acreditando nelas. Cegos das mentiras do amor e seus servos: o sexo e os apegos.

HONRAMOS O SER AO VIVER A VIDA

Com Dignidade. Somos dignos quando não deixamos atrás os sonhos e os ideais que são nossos princípios e valores.

Com coragem. Não abandonar-nos à dor e aos lamentos. Reunir forças para voltar a enfrentar as caídas, uma e outra vez.

Com Verdade. Deixar de mentir-nos é o primeiro passo para dizer as coisas pelo que são, sem trocar significados e nomes por nossa fraqueza de enfrentar as conseqüências.

Com Liberdade. Não seguir os modelos impostos por nossos prejuízos, nossas frustrações, nossas crenças. Seguir o coração e o que nos faz sentir a nós mesmos.

PARA MERECÉ-LA

Estamos dispostos a fazer as coisas que devem ser feitas para que possamos merecê-la?

A vida não é grátis. Tem um preço. DEIXEMOS NOSSAS PASSADAS NA AREIA CONSCIENTES DA BREVEDADE DO TEMPO. O EFÊMERO DE NOSSO PASSO.

(*) Ruy é um amigo boliviano, consultor de empresas e já foi citado neste blog no post http://cemfinslucrativos.blogspot.com/2011/04/rosa-no-asfalto.html

Um comentário:

paulinho dagomé disse...

eu queria compor era assim...