23 de dezembro de 2006

Imbusbebável - Uso e Abuso de um Neologismo

Não recomendo a ninguém a companhia do meu irmão Fábio. Não recomendo a ninguém ficar a menos de 20 metros dele. Sei que isso soa desumano. Vai que ele fique traumatizado!?. Vai que a Nancy – primeira dama – veja nisso o início de uma guerra fria!?. Vai que maínha aponte-me com o dedo e me repreenda em nome da Santa Igreja!?. Vai que Petrônio diga: “Porra, bicho!” – Petrônio sempre diz “porrabicho!”, em qualquer circunstâncias!?. Mas, apesar de aconselhar-vos amplo distanciamento do meliante – que, por acaso, deriva do mesmo ventre através do qual vim à luz – Fábio deu uma grande contribuição à humanidade; contribuição essa que – por si só – justifica a vinda dele à terra. Fábio inventou o termo IMBUSBEBÁVEL. Exato. Imbusbebável é aquela palavra coringa que faltava àqueles que querem dizer o dizível e o indizível. Imbusbebável é aquela palavra que, para que alcance o fim informacional a que se quer chegar, basta flexionar a voz – mudando a tonalidade ou dando ênfases diferentes às sílabas. Se o uso for na escrita, utilize os já conhecidos recursos: aspas, travessão, vírgulas, reticências, exclamações, interrogações, uma e outra, enfim... Vamos aos exemplos: “Bicho, comi uma feijoada ontem que me deixou meio imbusbebado...” Qualquer pessoa que ouça/leia tal frase saberá de imediato que ele quis dizer que uma fermentação típica dos trópicos leva-lo-á – com freqüência imprevista – ao banheiro, e que vão aconselhar de tudo: boldo, água de côco, etc. “Mô, não me leve a mal, mas você hoje estava imbusbebável!". Está evidente que ela quis dizer que o maridão simplesmente não correspondeu às expectativas. “Qual é o grau de imbusbebabilidade da prova, professor”. Está claro que o aluno indaga acerca do grau de dificuldade da prova. “Vá se imbusbebar!” Óbvio. “Jane se nega a imbusbebar na semana santa; tem lógica?” Vede quão útil é o termo! A palavra, discreta como é, não fere os ouvidos nem pode ser repreendida pela igreja católica. “No fundo, sempre achei muito imbusbebável aquela barba do Renato Russo, você não acha?”. Eu concordo. Custava ele dar uma aparadinha na bendita?. “Se eles, deputados, imbusbebam, porque que eu não posso imbusbebar?” Eis uma questão de caráter ético instrumentalizada pela multi palavra. “Se você se aproximar, Antônio, eu te imbusbébo todo, viu?” Sou contra violência, mas, por Deus!, ela se defende de uma tentativa de estupro!. "Está escrito: Aqueles que imbusbebam serão imbusbebados." Atribui-se essa frase ao profeta Maurício, indignado pelo fato de a caixa de som não funcionar nem a pau. “Juninho, agora que está chegando nos 20, anda todo imbusbebado...” Na bahia, a gente chama isso de mascaração. Mascarado é aquele sujeito que, numa festa, põe a mão no bolso e faz poses altamente mocorongas, certo de que está abafando. “Menina, tô toda imbusbebada, cê acredita?“ Poupo-vos do comentário. “Se ele pensa que eu vou ficar me imbusbebando por ai, só porque ele me abandonou, pode tirar o cavalinho da chuva!" As crises nas relações amorosas são apoiadas todas no termo, que dispensa qualquer tradução, já que todos sabemos exatamente o que acontece após o abandono. “O chefe hoje tá imbusbebado”. Se isso for dito baixinho, é que o chefe tá uma arara (vide o Diabo Veste Prada); se dito às escâncaras, é que o chefe tá um doce. “Vinde a mim, vós que estais imbusbebados, e eu vos mostrei o caminho do banheiro”. É o garçom falando. “Eu gosto das músicas do Agnaldo Timóteo, mas ele pessoalmente é muito imbusbebado”. Sobre o Tima, vide post abaixo (Dotô...). "A crise na aviação, está deixando as pessoas imbusbebadas". Basta ler os jornais para saber o que isso quer dizer. Eis, portanto, míseros exemplos dos diversos usos e abusos possíveis com a palavra imbusbebar. A palavra já é largamente utilizada em Vitória da Conquista – sudoeste da Bahia – onde reside seu inventor, Fábio Sena. Lá, as mães já recorrem a palavra para tudo: “Ô imbusbebado, vem almoçar, menino!” É que os meninos jogam gude na esquina de Beto. “O pirão imbusbebou todo, Márcia! É que, se não ficar atento, desanda mesmo. Enfim, esta é palavra que faltava. Vou ficando por aqui. Hoje é sábado e eu tô muito imbusbebado. Além do mais, estou na casa de minha tia, onde tem umas crianças um tanto quanto imbusbebáveis: Felipe, filho de Verônica; Yasmin, filha do Antônio Carlos. Você diz pra eles: “Não pode colocar a mãozinha no computador do tio” Mas eles entendem exatamente o contrário: “Coloca o dedo na tela, aperta a tecla!” Se eles já entendessem a palavra imbusbebável tudo se resolveria.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ou, véi muito bom o blog!!!

Anônimo disse...

Essa palavra cabe perfeitamente aqui em nossa organização, mais ainda aqui em minha posição!! Como está o clima hj? Imbusbebado ou não??